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“Melhoria na mobilidade vai certamente trazer vantagens”

O atual regime fiscal, incentivos, e mão de obra capacitada são elementos que tornam Macau e Hengqin atrativos para empresas lusófonas, diz a presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Nelma Fernandes. Em entrevista ao PLATAFORMA, a empresária guineense e primeira mulher a assumir a presidência da CE-CPLP, realça, no entanto, a necessidade de estudar bem o mercado e de encontrar os parceiros de negócios locais certos

Nelson Moura

– Quais os desafios principais que se dispôs a enfrentar ao tomar posse como presidente da Confederação Empresarial da CPLP?

Nelma Fernandes – Em primeiro lugar trabalhar em prol da comunidade, nas relações e trocas comerciais entre empresas, países e também no contributo do desenvolvimento socioeconómico dos Estados-membros. Por outro lado, contribuir para a inclusão e participação de jovens nos vários setores de atividade, com o propósito de tornar a CPLP numa comunidade económica mais leve, menos burocrática e com maior proximidade e dinamismo. Fomentar a equidade de oportunidades entre mulheres e homens, fomentar a cultura. Por último, acelerar o processo de governança ambiental, social e corporativa (ESG) nas empresas.

– Esteve em Macau em março, onde discutiu o desenvolvimento da RAEM após a pandemia, bem como as perspetivas da Zona de Cooperação Aprofundada e da Grande Baía. Que potencial vê em Macau e em Hengqin como pontos de entrada para as empresas da CPLP na China?

N.F. – Macau e China são, sem dúvida, regiões de grandes oportunidades para as nossas empresas, e por várias razões. Primeiramente pelo número de habitantes, pois estamos a falar de um mercado consumidor superior a 1.4 mil milhões de pessoas. Em segundo lugar, as condições vantajosas a nível de impostos, incentivos e mão de obra capacitada para as empresas que pretendem instalar-se nesta parte do mundo. Estes são apenas alguns exemplos.

– Macau pondera criar vistos de curta duração para a área da inovação tecnológica, incluindo Portugal e Brasil. Como vê este plano? Acredita ainda ser necessário melhorar a mobilidade de empresários estrangeiros no interior da China?

N.F. – Penso ser uma boa estratégia. Há que diversificar o monopólio dos casinos enquanto setor principal. Todas as economias devem diversificar e explorar todos os setores de atividade onde encontram potencial. A diversificação económica consolidada é uma segurança. Quanto a uma melhoria na mobilidade, vai certamente trazer vantagens, uma vez que vai permitir um intercâmbio maior.

– Que perspetivas tem para a 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau planeada para este ano?

N.F. – Penso que a partir de agora, com a boa articulação entre a Confederação Empresarial da CPLP e o Fórum de Macau, as conferências ministeriais vão abranger muito mais setores, bem como uma participação massiva das empresas. A nossa rede empresarial e parceiros consegue estender-se aos nove países que constituem os Estados-membros da CPLP, bem como países observadores, que atualmente são mais 29.

– Que preocupações lhe são transmitidas por empresários da CPLP no que toca a negócios e investimentos com a China ou empresas chinesas?

N.F. – Acima de tudo duas questões: cultural e conhecimento do mercado. O mais importante para iniciar uma relação comercial é a empatia. E para criar a empatia, as questões culturais podem aproximar ou distanciar. Por outro lado, o conhecimento de mercado e mecanismos locais. Nesse âmbito, é importante ter um ponto de foco local. Ter parceiros de negócios locais de confiança é fundamental. A CE-CPLP na minha última deslocação a Macau abriu um escritório local com representação, do grande empresário em Macau, China e Portugal, Wu Zhiwei. Esta representação e nomeação foi coordenada e ouvida por todas as estruturas governamentais, diplomáticas e empresariais.

– Que iniciativas a Confederação Empresarial da CPLP tem planeadas para este ano na região da Grande Baía?

N.F. – Este ano vamos participar de 19 a 22 de outubro na Exposição Económica e Comercial China-CPLP (C-PLPEX), no Cotai Expo, do Venetian Macau.

A C-PLPEX procura colmatar a lacuna no comércio. Pretende criar informação de mercado e uma plataforma sustentável para conectar compradores e vendedores em toda a comunidade da CPLP. Os objetivos deste encontro de comércio visam reunir atores continentais e globais para mostrar e exibir os seus produtos e serviços, e explorar oportunidades de negócios e investimentos no universo CPLP. Também discutir e identificar soluções para questões que afetam o comércio.

– A economia da China está atualmente em desaceleração, teme que isto tenha um impacto nos PLPs que mais dependem de comércio com o país?

N.F. – O mercado chinês é, sem qualquer margem de dúvida, fortíssimo e de escala mundial, não só pelo potencial consumidor. Estamos a falar de 1.4 mil milhões de pessoas e de uma potência económica de primeira linha. Dito isto, qualquer oscilação da China tem impacto, não só nos Países de Língua Portuguesa, mas a nível global.

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