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Suzi Barbosa: “Há uma corrida tão grande a ter influência em África que acaba por desestabilizar os países”

Ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau anunciou a candidatura à presidência da Comissão da União Africana. O DN conversou em Lisboa com Suzi Barbosa sobre os seus projetos, mas também sobre o ciclo de golpes no continente e o papel das potências.

Foi ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, vai ser agora conselheira presidencial e tem também uma candidatura muito importante à Presidência da Comissão da União Africana cuja eleição só decorrerá em 2025, mas que é uma grande aposta. O que é que a levou a essa candidatura e que apoios espera ter?

Na verdade, eu procuro novos desafios internacionais. Penso que a nível interno já dei o meu melhor e como responsável pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau nos últimos quatro anos foquei-me muito nas suas participações internacionais, na mediação e sobretudo na Presidência da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]. Penso que para mim, agora, é o momento de apostar a nível internacional e também para mostrar que a Guiné-Bissau, apesar de ser um pequeno país, tem capacidade para dirigir uma organização tão complexa como a União Africana. Até porque até à data não houve nenhum presidente da Comissão que fosse lusófono. É um desafio. Só houve uma mulher e acho que é a oportunidade de eu também entrar nessa corrida e demonstrar a nossa capacidade.

O apoio dos países africanos lusófonos é importante?

Sem dúvida. É importante e eu posso dizer que esta é uma candidatura que tem o pleno apoio do presidente da República, que é uma pessoa, como sabem, que é um diplomata de excelência, com uma capacidade de alcance muito grande que demonstrou nos últimos três anos. A Guiné-Bissau, que nos últimos anos como país praticamente não tinha atividade internacional, recebeu 23 chefes de Estado e acima de 20 ministros dos Negócios Estrangeiros, para além das visitas oficiais que ele fez a vários países que foram inéditas. Isso permitiu que ele tivesse contactos muito importantes para este tipo de candidatura. Penso que tudo isso vai contribuir, sem dúvida, para facilitar ou ajudar a candidatura da Guiné-Bissau à presidência da Comissão.

O alcance da influência do presidente vai além dos países lusófonos, pode chegar até fora da área da lusofonia?

Sim, sem dúvida, o presidente Umaro Sissoco Embaló é uma pessoa que não só tem influência nos países lusófonos como, sobretudo, nos países francófonos. Tem também, a nível do continente africano, um grande impacto em praticamente todos os países, pelo facto de ter convivido e trabalhado com vários dirigentes no passado antes de ser presidente da República. Também a forma como demonstrou que faz a diplomacia permitiu que tivesse essa influência a nível internacional, que lhe permitirá e facilitará o lóbi para a Guiné-Bissau chegar à presidência da Comissão.

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