
Vivem-se tempos conturbados em Macau. Apontam-se diferentes conclusões quanto ao futuro do jogo na capital mundial dos casinos e não se chega a um consenso que descanse todas as partes interessadas. A pandemia, o contexto atual dos junkets, as concessões… a tripla ameaça paira sobre a região e promete deitar abaixo os alicerces nos quais Macau se construiu.
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Tem tanto de previsível como de imprevisível, porque se pelo meio existem necessidades incontornáveis e com muitos anos de vida – a questão da diversificação – há também variáveis com as quais não se contava – pandemia -, ou pelo menos tão cedo e no período em que se resolveu atuar – junkets. Independentemente da importância que se atribua ao mercado VIP, a inquietação é palpável.
Foi o modelo de negócio que ergueu a cidade e, otimismo à parte, o mercado de massas não tem a solidez necessária para afastar as preocupações que assolam muitos, sem falar do impacto socioeconómico das decisões. E para piorar o cenário, enfrenta-se o mamute daqui a seis meses. Aqui está o silêncio ensurdecedor, e que não se percebe. Lembro que só ontem se teve acesso ao relatório final da consulta pública relativamente à alteração da lei do jogo.
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A recuperação económica depende de bom planeamento, controlo viral e, sobretudo, de não cometer o erro de fazer mudanças radicais baseadas num contexto de extrema dificuldade que, espero eu, não nos acompanhe durante muito mais tempo.
Seria insensato lançar um “novo Macau” com base em padrões que não farão parte do quadro da cidade daqui a dois, três anos. Faltará perspetiva. Mediante a incerteza e o desconhecimento sobre o que o futuro traz, a estabilidade da Região poderia começar por aqui, prorrogando novamente os prazos para a atribuição de novas licenças de jogo.
*Diretor-Executivo do PLATAFORMA