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Fim do cheque em branco

Paulo Rego*

Abre-se um novo ciclo político: Lo Cho In, Lei Leong Wong e Ron Lam, ainda que novos na Assembleia, têm selo tradicional: são deputados patriotas – não são democratas nem independentistas. É o próprio regime que os valida, como seus, ao impedir a candidatura de todos os que não valida. Ou seja, são agora vozes do regime a pôr o Governo em causa. E isso muda tudo.

Ho Iat Seng assumiu de corpo o alma o patriotismo nacionalista – aí não tem problemas. Entretanto, enfrentou a pandemia de frente, com coragem e sucesso – aí ganhou pontos. Mas está a perder o controlo do tempo. O primeiro cheque em branco (patriota) e o segundo (pandémico) esgotaram o prazo de validade – sem lhe darem imunidade política. O vírus que agora lhe tira a harmonia é o da crise económica que se arrasta.

Se o Palácio não projeta a energia da recuperação económica, perde o elo com o povo.

Esse é o cerne da questão exposta por três deputados ao PLATAFORMA. Resumindo: por um lado, os apoios aos efeitos da crise foram insuficientes; por outro, nem Orçamento, nem a prática política, afirmam uma estratégica, um compromisso com a mudança e com a recuperação económica.

Leia mais sobre o assunto em: Novos deputados criticam o Governo de Macau

O que dizem os deputados é o que diz o povo. A reação do Estado, das empresas e das pessoas à crise económica é hoje a preocupação que une toda a gente. Políticos, académicos, empresários e trabalhadores têm de exigir de si próprios o que de melhor podem fazer para recuperar a sustentabilidade e o crescimento.

Neste contexto, se o Palácio não projeta a energia da recuperação económica, perde o elo com o povo. Tendo um mandato difícil, Hot Iat Seng até acumulou pontos. Mas agora
arrisca falhar, caso não mostre visão estratégica e energia política para revitalizar a economia. O caminho está traçado: reforma da Administração Pública, diversificação económica, integração regional e ligação lusófona. O problema é que não se vê arte nem engenho para o cumprir . O alerta vem do novo regime – não é externo nem ilegítimo. É aliás decisivo.

*Diretor-Geral do PLATAFORMA

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