As eleições para a Assembleia Legislativa de Macau chegam ao fim, com 14 novos membros eleitos. Porém, a alta taxa de abstenção e de votos em branco enfraquece claramente a legitimidade as associações políticas eleitas por sufrágio direto.
Vale a pena mencionar que a única lista que não foi reeleita foi a do Observatório Cívico, provando que o centrismo não consegue marcar a sua presença política em Macau. Desde há muito que os apoiantes do movimento pró-democrata olham para os centristas como pouco democráticos e incapazes de confrontar o Governo. Já para os pró-Pequim, o Centro não é suficientemente leal nem capaz de apoiar o Governo. Jogam em duas frentes, mas não são bem recebidos em nenhum dos lados.
Outro grupo considerado de Centro é o da Associação da Sinergia de Macau, que elegeu o seu primeiro membro nestas eleições. Ron Lam vem da Federação das Associações dos Operários de Macau, onde assistiu Kwan Tsui-hang, e faz também parte do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais. Tal prova que não conseguirá assumir um papel de oposição como o dos pró-democratas tradicionais e certamente enfrentará algumas dificuldades no seu posicionamento político nos futuros trabalhos parlamentares. Depois de os pró-democratas terem sido desqualificados, alguns dos eleitores que mudaram o seu voto para Ron Lam fizeram-no na esperança de que este criasse um certo equilíbrio entre os deputados pró-Pequim, não aprovando medidas desse campo sem qualquer discussão. Contudo, como novo membro da Assembleia, ainda não é claro se Ron Lam seguirá o seu plano original. Será ele a mudar a Assembleia, ou a Assembleia a mudá-lo?
O Centro em Macau sobrevive com aquilo que sobra dos outros movimentos. Oscilando perigosamente aos olhos da população, se não conseguir encontrar o equilíbrio, e não representar claramente a posição dos seus eleitores, acabará por não ser reeleito e ter vida curta na Assembleia.