O mês de maio começa com o feriado de dia 1, Dia do Trabalhador. Em Macau, departamentos governamentais e bancos estiveram fechados durante três dias, enquanto no continente o período de folga dura cinco dias. Mas será que durante esta semana, ou durante outros grandes feriados, a classe trabalhadora tira de facto dias de folga? Serão estas férias em trabalho?
Quando um grupo de amigos se reúne, fala-se sobre a vida, o trabalho e às vezes sobre os filhos. Mas certo é haver sempre um amigo a queixar-se do trabalho. “Fiquei a trabalhar até tarde de novo. Há imenso tempo que não saio do trabalho antes de anoitecer”, “Tenho de trabalhar em casa durante o fim-de-semana”, “Espera, primeiro tenho de atender este telefonema. É do trabalho” são algumas das frases mais comuns nesses encontros.
A linha que separa trabalho de lazer está cada vez mais ténue. Um telefonema ou uma mensagem são suficientes para interromper o descanso de alguém. Existe alguma empresa que não tenha um chat de grupo? Durante dias de descanso, quantas pessoas ainda precisam de ler e responder a mensagens dos superiores ou colegas? Conseguem de facto descansar?
A classe de trabalhadora é muitas vezes o grupo com menos poder de negociação. Mesmo situações completamente lógicas não se concretizam no mundo real. Não trabalhar fora do horário de trabalho parece lógico, mas quem é que tem coragem de não atender uma chamada de trabalho fora deste horário? Durante as férias é também lógico não trabalhar, mas quem é que consegue ignorar por completo as mensagens do chat de grupo e aproveitar o tempo de descanso.
Claro que muitos dirão que o salário inclui todas estas situações, que temos de estar conscientes da pressão que estas profissões implicam antes de as iniciar. É uma opinião válida, mas será esta a direção correta a assumir para uma cidade habitável? De capazes a escravos?
*Editor da edição em chinês do Plataforma