O juiz determinou a prisão preventiva a dois dos quatro agentes indiciados pela agressão violenta a um produtor musical negro. O episódio foi registado pelas câmaras de videdovigilância do apartamento da vítima e durou 20 minutos
Quatro polícias franceses foram indiciados esta segunda-feira pelo espancamento e abuso racial de um produtor de música negra. O caso indignou a França e aumentou a pressão sobre o governo francês que anunciou uma nova lei de segurança interna que vem proibir a exibição de gravações audiovisuais de atos violentos pelas forças policiais em serviço.
O ataque ao produtor musical negro Michel Zecler – exposto em imagens de vídeo publicadas na semana passada – tornou-se uma nova causa de mobilização para os críticos que acusam a polícia de racismo e brutalidade institucionalizados. Zecler foi intercetado pelos agentes por não usar máscara e por ter um cheiro forte a cannabis. Mas apenas uma pequena quantidade da substância foi encontrada com ele.
O Presidente Emmanuel Macron convocou ministros e líderes parlamentares para uma reunião de crise na segunda-feira para produzir rapidamente “sugestões para restabelecer a confiança” entre a polícia e a população, disseram fontes do governo. Ainda esta segunda-feira o ministro do Interior, Gerald Darmanin, estará perante uma comissão parlamentar para ser questionado sobre a nova lei de segurança, que restringirá o direito da imprensa – e dos utilizadores das redes sociais – de publicar imagens das ações da polícia em serviço. As manifestações contra a lei mobilizaram dezenas de milhares de franceses no fim de semana, com dezenas de feridos durante confrontos com a polícia em Paris, incluindo um fotógrafo sírio que trabalhou para a AFP.
Quatro polícias enfrentam processo
Um magistrado do Ministério Público de Paris que tutela o inquérito Michel Zecler acusou os quatro agentes de abuso de autoridade e agressão, agravada por ser cometida por funcionários ao serviço do Estado. Três dos agentes foram também acusados de “fabricar” as suas declarações sobre o incidente.
Dois dos acusados - incluindo o oficial mais graduado, um brigadeiro de 44 anos – vão aguardar julgamento em prisão preventiva, mas os outros dois foram libertados em liberdade condicional, disse uma fonte judicial à AFP.
No domingo, o Procurador de Paris, Remy Heitz, pediu que três dos polícias também fossem acusados de abuso racial. Os agentes reconheceram que o uso da força era injustificado mas alegaram que agiram com “medo” e “pânico” e negaram qualquer abuso racista.
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