Novo Normal: a anormalidade…

Pedem que nos habituemos a um “novo normal”. Na minha cabeça, novo e normal nunca casaram. O que é novo – bom ou mau – dificilmente é normal. Se calhar era melhor pedirem que nos habituássemos a viver na anormalidade. Melhor e mais real.
Vem isto a propósito de algumas ideias contidas no anuário da The Economist, que olha para o mundo em 2021. E assume ser difícil prever o imprevisível.
Imprevisível por causa da Pandemia, da Crise Económica e da complicada geopolítica, que nos últimos tempos tem sido ditada pela turbulência da relação entre os Estados Unidos e a China. São tudo fatores de grande incerteza.
A capa é uma “Slot Machine”. O mundo está em jogo.
O próximo será o ano em que se inicia a distribuição da vacina, mas não será o ano em que ela se torna universal, em que ela chega a todos. Um ano não dá para isso…
As alianças tenderão a reforçar-se com a mudança presidencial nos Estados Unidos. Pode estar de regresso o multilateralismo
Haverá os negacionistas e os que a querem muito, mas ainda continuam à espera da vacina.
Isso terá implicações económicas difíceis de medir, mas não devem divergir muito das previsões económicas para o crescimento mundial em 2021.São negativas.
Como negativa é – não necessariamente apenas para a economia – a manutenção da tensão entre os Estados Unidos e a China. Países que parecem empenhados em fazer um novo “Tratado de Tordesilhas”, disputando o mundo.
As alianças tenderão a reforçar-se com a mudança presidencial nos Estados Unidos. Pode estar de regresso o multilateralismo…também não conseguimos prever as consequências disso nas atuais circunstâncias.
O ano de 2020, pelo menos em Portugal, serviu para nos livrarmos de algumas “ditaduras”. A “ditadura” do défice, das agências de rating, do poder do mercado… E essas são oportunidades de progresso. São oportunidades para passar a discutir o essencial. E o essencial é a vida das pessoas.
*Diretor do Plataforma
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