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Tânia Tomé: “Cabo Delgado, eticamente explorado, é a solução para Moçambique desenvolver-se”

Gonçalo Lobo Pinheiro

Em 2018, Tânia Tomé foi considerada pelo Mipad New York uma das 100 personalidades mais influentes do mundo, com origem africana e com menos de 40 anos. Economista, palestrante motivacional e empreendedora foi ainda agraciada com o diploma de honra da Presidência da República de Moçambique, o prémio académico de mérito de Portugal-África pelo antigo presidente de Portugal, Mário Soares, e ainda distinguida pelo então presidente norte-americano Barack Obama como jovem líder africana pelo programa Yali. A moçambicana, que assumiu já ter sido discriminada pelo facto de ser mulher e ser negra, conversou com o PLATAFORMA sem rodeios e sobre quase tudo.

O que representa ser considerada uma das “100 pessoas mais influentes, de ascendência africana, com menos de 40 do mundo”?

Recebi a distinção com grande lisonja pelo reconhecimento internacional do trabalho que tenho vindo a fazer empoderando pessoas, empreendedores e líderes em diversos países. Muita gratidão depois destes 15 anos a trabalhar ativamente com esta imensa vontade de promover um ecossistema de empreendedorismo e liderança nos países africanos, sobretudo nos PALOP. Não obstante tudo que façamos como grupo, e tudo que faça como indivíduo será sempre insuficiente perante os grandes desafios que temos nos nossos países. Portanto, também sinto uma grande responsibilidade de agir mais e melhor, sendo que completariamente o nosso foco continua em fazer emergir e crescer outros líderes, pois só em coletividade poderemos criar realmente transformação e impacto. Mas estar ao lado de figuras como Usain Bold, Lupita Nyongo, Taís Araújo e outros só me eleva, reafirmando profundamente que este é o caminho certo para o que virei a ser um dia. Gratidão.

Países endividados, e com uma possível incapacidade para pagar no futuro, podem vir a ser os futuros modelos de neocolonizados [pela China]

Sendo uma oradora motivacional, como sente que, de facto, está a motivar as pessoas?

Bem não posso dizer que ser oradora motivacional é a minha profissão e nem minha função principal. Mas posso salientar que como CEO da Ecokaya, economista, empreendedora ou coach internacional um dos meus objetivos é contribuir para criar outros líderes e empreendedores que possam impactar e transformar as nossas sociedades. E entre vários instrumentos como é o do conhecimento, capital e mentoria, sempre senti que são relevantes os soft skills e que isso faz uma diferença no uso da potencialidade de cada um. E assim a motivação é um dos músculos que muitas pessoas deveriam desenvolver pois está no centro de tudo que queiramos fazer na vida com efetivos resultados. E é por isso que não deixo nunca de partilhar o que profundamente acredito, seja nas palestras como nos treinos em vários paises. Essencialmente que o futuro e o sucesso moram em cada um de nós, mas só quando aprendermos a fazer uma gestão adequada da nossa energia teremos motivação suficiente para lutar pelos nossos objetivos até vencermos. E é por isso também que desenvolvi o método Succenergy, que tenho divulgado em várias partes do mundo. Hoje já está em livro e vai na terceira edição disponivel na Amazon. Feliz fico de saber que o livro teve a honra de estar uma semana como um dos 100 mais vendidos, na primeiro lugar na categoria “Economia e Negócios”. Igualmente sinto-me feliz que mais pessoas estejam motivadas a acreditar em si mesmas, e acreditar na possibilidade dos sonhos. E com isso aprenderem a livrarem-se de tudo que é tóxico para se tornarem pessoas de ação e persistentes que sabem onde querem chegar e trabalham com energia e motivação para lá chegar. Felizmente recebo montanhas de mensagens de pessoas no meu Instagram, revelando que se sentiram inspiradas e motivadas e com alcance de novos resultados seja com a leitura dos meus livros, seja por palestras ou coachings ou mesmo por me terem visto na televisão. Estou muito grata por tudo isso.

O que é e como funciona o método “Succenergy”?

“Succenergy” ativa a tua energia e descobre o sucesso que há em ti. Na verdade, a pretensão é que as pessoas possam desenvolver-se para se tornarem líderes nas suas áreas de atuação. Mas para liderar o “nós”, é necessário liderar o “eu”. E mais do que imaginamos poucos são líderes de “si mesmos”. Se não conseguirmos liderar nós próprios jamais teremos habilidades para influenciar os outros e nem impactar as nossas sociedades. Nas nossas sociedades muito mais do que imaginamos precisamos desconstruir uma série de paradigmas e crenças. Há uma verdadeiro trabalho de desaprender para voltar a construir novos hábitos que permitam que usemos profundamente da nossa potencialidade. “Succenergy” é um modelo integrado de coaching para liderança e é motivacional, um método de apoio no processo de desenvolvimento pessoal e das organizações. Apoiado na associação do conhecimento cognitivo ao equilíbrio emocional, as suas ferramentas vão ajudar colaboradores de organizações, empreendedores, empresários e indivíduos a concretizarem os seus propósitos. O método, desenvolvido por mim, é usado em diversas capacitações, coachings, workshops e palestras da minha empresa, Ecokaya, dadas a empresas e organizações públicas e privadas em vários países, como Uganda, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Brasil, Portugal, Ruanda, EUA, Swazilândia e Moçambique, entre muitos outros.

Mulher e negra. Alguma vez sentiu algum tipo de discriminação pelo facto de ser mulher e ser negra?

Sim, claro que sim. Estamos numa realidade onde de facto ainda mora nesta sociedade muito preconceito e descriminação. Há escassos 500 anos ainda se vivia na era da escravatura que hoje deixa em nós marcas profundas. Cicatrizes não apenas associadas a discriminação dos brancos para os negros, mas também do próprio complexo de inferioridade que os negros vivem como resultado também desse processo. E ainda há poucas décadas extinguiu-se o apartheid na África de Sul. Nos EUA como no Brasil, por exemplo, continuamente vemos um racismo estrutural afetando tudo e todos. E os momentos de violência são realmente indignantes. Embora as sociedades pareçam democráticas e mais evoluídas, o racismo prevalece nas mentes, nos comportamentos invisíveis, nas atitudes e nas formas de pensar.  Podemos ver um racismo aparente em frases em que temos necessidade de ressaltar a beleza de um negro, dizendo ela é “uma bela negra”, ou então até “ele sabe isso?”. Não existe racismo inocente, mas há inocentes que o praticam sem maldade e na mais pura ignorância por causa de um processo de socialização que tiveram ao longo do tempo. Quantos filmes americanos refletiam uma perpetuidade de associação dos negros aos crimes, ou novelas a colocar apenas o negro como empregado? Tudo isso continua a perpetuar a influência de uma sociedade cuja a perspetiva será transmitir que o negro não têm lugar de “fala” e nem de construção. O negro não têm capacidade. O negro será per si um pobre e incapacitado. Os próprios livros sempre referiram que África é o berço da humanidade e que todos daí partiram. Mas olhando para os livros parece que houve uma vontade de esconder que África teria a sua civilização e o seu conhecimento profundo sobre vários assuntos. Porquê? Porque assim são os processos sociais, já dizia Marx que não há exploradores sem explorados. No entanto, vêmos que, por exemplo, é no Egipto onde se dão verdadeiros milagres de descoberta nas matemáticas e nas geofísicas. E que estes egípcios no contexto americano como aqui referimos são negros e não brancos. Há muito a dizer a respeito do racismo. Contudo, não podemos generalizar e dizer que são todos racistas, porque não é verdadeiro, e acredito que o mundo está a ser empurrado para grandes transformações. Hoje estamos muito melhor do que ontem. Particularmente, prefiro não me vitimizar, pois o meu processo de luta continuará o ser de estar de cabeça erguida para o futuro, estudando mais e mostrando que sou capaz. E sobretudo continuando a agir, motivando e apoiando e empoderando para que mais cabeças erguidas se levantem para impactar e transformar a nossa sociedade. Oportuno será dizer que urge descolonizar as nossas mentes, para um mundo maior e melhor para todos.

Quer comentar tudo o que se tem passado no mundo e em particular nos EUA, depois da morte em directo de George Floyd?

George Floyd têm nele o sangue de muitos outros que passaram pelas mesmas agressividades e violências do sistema. Uma escravatura que ainda perpetua em silêncio. O mundo terá acordado? Acho que não. O mundo já estava acordado, só que estamos hoje numa era onde a tecnologia nos deu mais voz para espalhar e circular informações, e com isso mobilizar mais pessoas. Embora seja importante tudo o que está acontecer, que é falarmos mais sobre racismo e antiracismo, que é fazer com que as empresas deem mais oportunidades aos negros e ou darmos relevância às conquistas dos negros no mundo. A minha opinião bem particular assinala que todos esses eventos não vão necessariamente fazer mudanças estruturais na nossa sociedade. Apenas o negro empoderado e o negro líder com a sua educação poderão transformar a sociedade, ainda que seja no longo, longo prazo. Mas é possivel. Não temos que pedir que nos deem oportunidades, temos que construir as nossas próprias oportunidades. Mandela disse que a nossa maior arma é a educação. Eu acredito nisso e revejo-me nessa mudança necessária. Peter Drucker também afirmou que a melhor forma de prever o futuro é criá-lo. Profundamente me capacito e acredito nessa visão. Agora há muito mais barulho. Mas barulho não cria novas realidades, apenas trabalho educado, capacitado e motivado poderá criar e fazer a diferença. Temos que circular o dinheiro entre todos. Não podemos ser para sempre apenas os consumidores. Faremos todos nós parte de transformação, negros e brancos de mãos dadas, com essa forte e clara intenção de atitude para criar o futuro que queremos.

Há racismo na Lusofonia?

Há sim, vivido entre todos com diversos formatos e maneiras de agir. Mas racismo há em todo lado. Nuns sítios mais visíveis que outros. E noutros com impactos mais intensos que outros. Para mim o mais importante é respeitar o outro e as suas potenciais capacidades, sem criar juízos de valor com base na cor da pele. É ainda uma dura luta, mas acredito que estamos num processo evolutivo e de crescimento paulatino. Hoje convivemos uns com os outros, namoramos e casamos e até dançamos todos juntos umas boas kizombas. Particularmente, nunca quis viver o racismo profundamente, escolhi essa realidade, não apenas por ser de uma realidade misturada, mas porque compreendi que as nossas programações são diferentes. Vivi muitos momentos de preconceito e racismo, mas nunca liguei a nenhum deles. Ainda assim, considero importante dizer que a situação vira diferente quando eventualmente somos violentados, mortos ou injustiçados na base da nossa cor. O perigo que traz vai muito além do desrepeito. Continuo a não ver cores, nem peles, vivo na base do que mora dentro. E como todos temos sangue azul [risos] somos todos iguais nas nossas diferenças. Tudo se resolverá a seu tempo, mas temos que agir na base dos valores que devem governar as sociedades.

Como vê e sente a lusofonia?

Vejo a lusofonia com amor. Todos os processos tem o seu lado bom e o seu lado mau. Tem vantagens e desvantagens. Cá me orgulho de ter como pátria a Língua Portuguesa. Gosto de cada detalhe e adoro pensar que somos maiores que os nossos países. Porque nos une essa bonita língua, sui generis com significados que muitas vezes são intraduzíveis noutras línguas. Não acho que precisemos necessariamente de ter nomes ou conceitos, embora isso dê um sentido de orientação. Para mim o mais importante é que se solidifiquem os laços que nos unem, e façamos dessa ligação algo produtivo que nos faça crescer mutuamente.

Vejo a lusofonia com amor. Todos os processos tem o seu lado bom e o seu lado mau. Tem vantagens e desvantagens. Cá me orgulho de ter como pátria a Língua Portuguesa

Sendo moçambicana não posso deixar de lhe perguntar sobre o conflito de Cabo Delgado.

Vejo a situação de Cabo Delgado com uma profunda tristeza. É uma realidade que já vai longa, famílias e casas destruídas. Cabo Delgado também é Moçambique e custa-me a minha impotência. Moçambique têm em Cabo Delgado um poço das suas maiores riquezas naturais e nele também os maiores mega projetos. Seria sem dúvida Cabo Delgado, se bem explorado de forma eficiente e com ética, a solução para Moçambique crescer e desenvolver-se aplicando esses rendimentos de forma transversal em áreas estratégicas como processamento da agricultura, aumento da nossa capacidade produtiva em sectores chave, bem como sustentar a educação e saúde.  Existem múltiplos interesses seja de maior capacidade de negociação nos projetos actuais, como de um ostentado “fazer tempo” para actuar no momento certo. Pouco posso aprofundar sobre algo que infelizmente não consigo ver de perto, mas do que me chega os “insurgentes” que vem defender os seus interesses no local, fazem parte da rede global de ambição imperial,  do chamado “destruir para reinar”.  Criar problemas para vender soluções. Ainda careço de uma análise mais profunda, mas dói-me mais o bruto silêncio que ainda mais se intensificou com a pandemia de Covid-19. Gostaria que fielmente esta situação se recompusesse o mais rápido possivel, para nos devolverem a paz e tranquilidade que todos merecemos. E me solidarizo com todos que perderam os seus entes queridos e as suas posses. Que tudo se resolva o mais urgente possível.

A saída de cena do Donald Trump é bom para o futuro do mundo? Biden é a pessoa ideal?

Bem, que pergunta não apenas provocadora, mas desafiadora. Os presidentes não mudam necessariamente a realidade dos paises, se os sistemas não mudarem com eles. É a mais pura verdade. E países como os EUA têm um sistema articulado com muitos e intensos anos, com poucas ou escassas transformações estruturais. Embora agora com Biden, democrata tal qual a governação de Barack Obama, o congresso sempre teve em grande peso os republicanos.  Portanto, os repuplicanos continuam a ter um peso enorme nas decisões deliberativas de grande envergadura, independemente dos partidos a que os presidentes pertencem. Sendo uma verdadeira “mão-de-ferro”, nas maiores decisões de setores estratégicos como, por exemplo, o armamento. Portanto, houve coisas que nenhuma gestão política conseguiu mudar.  Trump é um líder empresarial e com muito impacto mediático. Embora até tenha tido algumas ideias que pareciam interessantes sob ponto de vista économico, a sua incapacidade de liderança política, bem como alguma falta de carisma, tornaram as suas atuações muito polémicas. Muito barulho e pouco fundamento. Biden traz a desrupção com sua primeira vice mulher, que também é negra – Kamala Harris. Biden parceiro de Obama, parece ser uma lufada de ar fresco para os americanos. Parecemos todos inspirados, e é bom que assim seja. Mas agora temos que virar a página para a realidade, porque a vida precisa mais do que sonhadores, verdadeiros fazedores. Apoio a todos os que querem mudar e transformar o mundo. A luta continua.

Como vê o crescimento de um país como a China e, claro, como vê os países lusófonos como Moçambique ou Angola ficarem credores do gigante asiático?

A China têm este amplo pensamento de longo prazo, e as suas atuações aparentemente de “ditas ajudas” criam faturas também a longo prazo a serem pagas com rendimentos futuros desses países que irão advir da sua exploração de recursos minerais. A verdade é que o meu maior receio é que estes países endividados, e com uma possível incapacidade para pagar no futuro, podem vir a ser os futuros modelos de neocolonizados. Porque ao que tudo indica, a China vai pretender continuar a investir em infrastruturas de grande dimensão que estes países precisam. E enquanto tudo parecer fácil para os países, desde poder ter esses largos investimentos e até algumas vezes terem a fácil possibilidade de corrupção nos contratos adjacentes, continuará a ser aliciante ter a China e os chineses por perto. Mas conforme disse, cedo ou tarde a fatura virá, e vai doer certamente. Os chineses sabem trabalhar e esperar para atuar no momento em que a sua atuação trará verdadeiros resultados. Acredito que áfrica será para onde a China deslocalizará as suas expansões de capacidade produtiva no longo prazo. Pensamento inteligente da China, e a sua cultura de trabalho lhe posicionam onde ela está hoje. Não tenho dúvida que poderá a vir a chegar a número um no mundo. Porque o chinês também sabe imitar bem, e fazer melhor. A Covid-19 é sinal disso mesmo. Espero que possamos estar mais atentos.

Estamos numa realidade onde de facto ainda mora nesta sociedade muito preconceito e descriminação

O que falta a África para ir mais além?

Falta-nos descolonizar as nossas mentes, acreditarmos que somos capazes, e trabalharmos para nos transformarmos. Precisamos de líderes efetivos nas posições de liderança. Que tenham vontade política para realmente mudar e transformar as sociedades, e o carisma e influência para engajar e motivar a sociedade para trabalhar em conjunto para esse desígnio.

Do ponto de vista económico, o que representa esta pandemia de Covid-19?

Péssimo para uns e fascinante para outros. Escrevi um pequeno artigo no meu LinkedIn acerca da Covid-19. Tenhos muitas ideias, que não me permitem em curto espaço aprofundá-las aqui.  Enquanto indivíduo, sei que muitos perderam empregos, empresas, motivação. Sei que muitos entraram em depressão e muitos outros se suicidaram. Este é um momento delicado da nossa história. Mas também sei que muitos outros fizeram mais dinheiro, escreveram livros, monetizaram os seus trabalhos online, e estão a sorrir enquanto pensam na Covid-19. Mas o que mais pretendo é que possamos sair da pandemia melhor do que entrarmos, se aproveitarmos para refletir, investir no conhecimento e visualizar os problemas como oportunidades enquanto indivíduos. Enquanto nações estamos a viver uma recessão económica, que implica que os governos se percebam como verdadeiros empreendedores. Onde os orçamentos passam a estar aplicados de forma mais eficiente e mais produtiva, já que estão mais magros e precisam apostar no essencial. Ao mesmo tempo que a análise custo-benefício é pertinente. Os verdadeiros inteligentes na gestão da coisa pública serão os inovadores, que vão empurrar os países na sua produção local, já que fronteiras estão fechadas permitindo uma balança mais equilibrada com menos importação. Fica muito por dizer. Sempre haverá mais a dizer. Ficam aqui algumas ideias.

Última pergunta. Sendo a Tânia uma oradora motivacional, que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores?

Que não tenham medo de ter medo. Que esta fase é como tudo temporária e o obstáculo que está aí é para descobrirmos de forma mais profunda a nosssa potencialidade e do que somos capazes. Empurrem-se e motivem-se para fazer melhor. Os desafios estão mesmo aqui para fazermos os melhores voos. E então voe para além das suas asas.

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