O MpD ganhou 14 câmaras enquanto o PAICV conquistou oito nas oitavas eleições autárquicas do passado domingo em Cabo Verde, que registaram uma taxa de abstenção de 41,8%, a terceira maior na história do país, segundo dados oficiais.
Segundo o apuramento geral divulgado hoje pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) no seu ‘site’ oficial das eleições, o Movimento para a Democracia (MpD) perdeu a liderança em cinco das 18 câmaras (e conquistou uma nova) que detinha nas eleições municipais de domingo, incluindo a capital Praia, que passou para as mãos do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que aumentou de duas para oito câmaras.
Os dois partidos (MpD lidera o Governo cabo-verdiano e PAICV a oposição no parlamento) voltam assim a ter a mesma relação de forças no poder autárquico anterior às eleições de 2016.
Além da Praia, capital do país, o MpD perdeu para o PAICV as câmaras municipais de São Filipe (ilha do Fogo), Tarrafal, São Domingos e Ribeira Grande (Santiago), tendo conquistado a de Ribeira Brava (São Nicolau), que desde as eleições de 2016 era liderada por independentes.
O MpD manteve ainda as câmaras do Sal, Maio, Brava, São Vicente (perdendo a maioria), Tarrafal (São Nicolau), Porto Novo, Paul e Ribeira Grande (Santo Antão), Santa Catarina (perdendo a maioria), São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos e São Miguel (Santiago).
O PAICV, além de manter as duas câmaras municipais que já detinha, em Santa Cruz (Santiago) e Mosteiros (Fogo), e de conquistar cinco ao MpD, também venceu a câmara da Boa Vista (embora com maioria na assembleia municipal do MpD), que antes estava nas mãos do independente José Luís Santos, que nestas eleições liderou a lista do MpD, tendo sido derrotado.
As oitavas eleições autárquicas em Cabo Verde registaram uma taxa de abstenção de 41,8%, a terceira maior na história do país, mesmo com os receios por causa da pandemia de covid-19, de acordo com os mesmos dados.
Segundo o apuramento do total de 1.386 mesas de votos, 141.251 eleitores não foram às urnas, correspondendo a 41,8% do total de inscritos.
Esta taxa de abstenção é apenas 0,01 pontos percentuais maior do que a registada há quatro anos (47,1%), não obstante os receios este ano no país por causa do novo coronavírus.
A maior taxa de abstenção nas eleições autárquicas em Cabo Verde continua a ser nas primeiras, realizadas em 15 de dezembro de 1991, com 45,6%.
Seguiu-se depois 42,5% registados no escrutínio municipal que aconteceu em março de 2004. A menor taxa de abstenção continua a ser registada em 2008, quando 19,45% dos eleitores preferiram ficar em casa em vez de ir votar.
Em 21 de janeiro de 1996, a abstenção foi de 35,8%, que aumentou para 40,2% quatro anos depois, de acordo com os dados no “Guia do Cidadão Eleitor”, elaborado pela CNE e pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) de Cabo Verde.
Segundos os dados da CNE, no domingo foram registados ainda 2.674 votos nulos (1,4%) e 3.447 em branco (1,8%). O nível de participação nas eleições foi de 58,2%, correspondendo a 196.596 eleitores.
Para esta votação estavam inscritos 337.083 eleitores, distribuídos por 1.386 mesas de voto em todo o arquipélago, um aumento de 34.073 eleitores (+11%) face às eleições municipais anteriores, em 2016.
Nas eleições de domingo concorreram ao mandato de quatro anos 65 listas às assembleias municipais e 64 às câmaras municipais, das quais 53 de partidos políticos (de quatro partidos) e 12 de grupos de cidadãos, segundo dados da CNE.
As anteriores autárquicas aconteceram em 04 de setembro de 2016, em que o MpD venceu com os seus próprios candidatos 18 das 22 câmaras municipais, enquanto o PAICV ganhou duas e outras duas foram conquistadas por independentes.