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Dar ouvidos aos mais velhos

David Chan *

De forma a evitar um conflito entre a China e os EUA, o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger salientou que ambos os países devem definir limites para os crescentes confrontos ou estarão a arriscar criar um ambiente semelhante ao que precedeu a I Guerra Mundial.

Durante um seminário, Kissinger afirmou que os EUA e a China devem discutir quais as fronteiras que irão violar antes de ameaçar qualquer ataque futuro, assim como a forma como essas fronteiras serão definidas. Acrescentou ainda que este diálogo deve ser um processo longo e ter a participação de ambos os partidos americanos. 

A agência de notícias Bloomberg utilizou um termo militar provocativo para expressar que Kissinger defendeu que sejam definidas regras de compromisso enquanto as ameaças de ambos os lados crescem. Muitos acreditam que tal é impossível, mas se acontecer, estaremos numa situação muito semelhante ao que aconteceu antes da I Guerra Mundial. Na altura as antigas forças europeias não levavam a sério a ameaça de uma guerra, mas o reforço do respetivo poder militar apenas aumentou o risco, que eventualmente teve início por não terem conseguido administrar uma crise relativamente pequena. 

Kissinger fez uma analogia entre essa época e a atual rivalidade tecnológica entre a China e os EUA, alertando que o país necessita de adotar uma nova mentalidade para conseguir entender o complexo mundo atual. Esse é um grande desafio para qualquer governo americano, assinalou. 

Os EUA precisam de chegar a um consenso em vez de se perderem em discussões entre os dois partidos. “Não podemos estar sempre a revisitar este problema a cada 4quatro ou oito anos. Se não conseguirmos chegar a um acordo a nível nacional, então não iremos conseguir lidar com outros países”, admitiu.

Kissinger, de 97 anos, representa uma visão realista das relações internacionais e é um apoiante da teoria de equilíbrio de poder. No início da presidência, Trump pediu frequentemente conselhos a Kissinger, especialmente nas relações sino-americanas. Porém, em julho, Pompeo com a “Declaração de uma Nova Guerra Fria” anunciou que a diplomacia entre os dois países tinha falhado. Irá agora a administração de Trump ouvir este alerta? 

‭* ‬Editor Senior

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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