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Taobao alimenta comércio em Macau

Meimei Wong

Como resultado da atual pandemia, Macau impôs medidas de confinamento, fazendo com que os residentes tenham fortes restrições para atravessar a fronteira para o continente, ficando assim limitados nas viagens que faziam habitualmente para fazerem compras

A epidemia tornou assim o comércio online não só numa atividade corrente, como fez também florescer a indústria de postos de recolha de produtos comprados ao lado de lá. Serviços de logística são agora uma das indústrias emergentes em Macau. 

“Em 2012 iniciámos o serviço como ponto de recolha do Taobao (website chinês de compras online) num shopping subterrâneo no Porto de Gongbei, e um ano depois abrimos a primeira loja em Macau perto das Portas Do Cerco”, esclarece ao PLATAFORMA Eric Choi, diretor da eBuy. Em atividade há quase 7 anos, a eBuy é uma das primeiras empresas de Macau a oferecer serviço gratuito de agente de compras e recolha no Taobao, e neste momento possui já 26 lojas. “O serviço de recolha individual custa apenas algumas dezenas de patacas por produto, que são recebidos por pequenos distribuidores e depois transportados até Macau através de carrinhas de mercadoria”. Yan Zheng, colaboradora e gerente da eBuy acrescenta: “Ainda hoje me lembro do primeiro cliente na loja de Gongbei. O serviço que lhe cobrámos foi de 2000 patacas, o que nos deu confiança em relação ao negócio.”

Corria 2019, quando o Taobao lançou o serviço oficial de envio para Macau, oferecendo aos clientes outra opção entrega de produtos. Jack Lam, diretor-geral da AO Express, responsável pelo envio direto para Macau, afirma ter contactado com a Cainiao Smart, empresa de logística oficial do Taobao para estabelecer uma colaboração, quando esta começou a considerar entrar no mercado local. Esta pequena empresa local de entregas oferece serviços de recolha de produtos do Taobao, tal como o serviço oficial da própria empresa. Jack Lam acredita que “se trata de um serviço apenas para atrair clientes, que na verdade não é muito rentável”, esclarecendo que a entrega direta não só é feita diretamente na morada do cliente, como possui um serviço de rastreamento e pós-venda mais fidedigno. 

Eric Choi e Yan Zheng

Pandemia impulsiona negócio

A atual situação pandémica causada pelo novo coronavírus levou a que a economia de comércio online atingisse um pico e tanto os serviços de recolha como os de entrega direta beneficiaram com a situação. Eric Choi salienta que o número de clientes e produtos adquiridos aumentou claramente desde fevereiro, com todas as lojas a trabalhar 20 por cento acima do ritmo normal. Todas obtiveram, no mínimo, crescimentos entre 20 e 30 por cento no volume de clientes. Esses valores continuam elevados nos dias de hoje. Jack Lam constata também que a epidemia levou a um crescimento no negócio, com proporções semelhantes em serviços de entrega, lojas de recolha self-service e de cacifos inteligentes. 

De acordo com resultados de pesquisa online e registos locais, existem cerca de 254 lojas de recolha de encomendas e de recolha self-service em Macau. Lembra ainda que, quanto maior for o número de lojas dedicadas ao negócio, maior é o nível de competição entre si. “Os consumidores irão ficar cada vez mais astutos, especialmente tendo em conta que os residentes de Macau dão prioridade ao preço. Se apenas uma rua abaixo houver melhor preço é normal ser esse o escolhido”, assegura Jack Lam, aludindo à situação de mercado e à competição que existe. 

Jack Lam nao tem dados sobre o numero de lojas ligadas ao negocio Taobao em imediatamente antes da pandemia, mas diz que rondariam as 30 em 2016.

“Com a evolução da ciência e tecnologia, os custos de logística irão inevitavelmente descer, será difícil para estas pequenas lojas de recolha competir com grandes empresas de logística”, adverte.

Assinala igualmente que, devido ao baixo valor de entrada nesta atividade, falta saber se estes negócios que surgiram durante a pandemia conseguirão continuar a operar depois da reabertura da alfândega entre Macau e Zhuhai. 

Eric Choi considera que durante a pandemia muitas pessoas abriram lojas de recolha um pouco às cegas.

“Foi como uma maré”, mas “o mercado é limitado. Receio que haja pessoas que nunca cheguem a ter lucro, e os preços baixos praticados vão ter um impacto no resto da indústria”, diz. 

E conclui: “Embora sejamos neste momento a maior empresa, não somos com certeza a que tem o maior lucro, visto que tivemos de investir uma larga quantia de dinheiro na otimização do nosso processo de recolha. Por outro lado, novos concorrentes oferecem o mesmo serviço a metade do preço. A competição acaba por ser apenas entre preços e não entre serviços. Não existe limite para esta competição, e os clientes não entendem quais as diferenças de custos entre os dois serviços”. 

Se no futuro próximo a alfândega reabrir, poderá haver alguma preocupação de que os clientes voltem a Zhuhai.De acordo com Jack Lam, cerca de 20 por cento dos adultos em Macau têm o hábito regular de visitar Zhuhai para compras ou seja, as empresas de recolha local podem perder parte dos clientes. Já Yan Zheng está otimista e acredita que o mercado de Macau continuará a necessitar deste tipo de serviços. “Algumas pessoas já estão habituadas ao serviço de recolha em Macau, mais conveniente do que ir a Zhuhai e por uma pequena diferença de preço. Com a entrada do Alipay no mercado de Macau ainda mais pessoas da cidade irão utilizar o Taobao”, diz.

Eric Choi, por sua vez, admite que “talvez a pandemia se torne num obstáculo mesmo depois da reabertura da alfândega, e várias pessoas não tenham mais coragem de ir a Gongbei recolher os produtos”.

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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