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Violência a norte

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Confrontos armados atingiram nos últimos dias dois países africanos de língua portuguesa. O norte de Moçambique, em Cabo Delgado, e o norte de Angola, em Cabinda foram alvo de combates e violência que têm deixado um rasto de morte. 

A situação no norte do país levou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, a declarar recentemente “os moçambicanos não tolerarão de forma repetida a chantagem da guerra cíclica movida por grupos de indivíduos manipulados para sustentar o ego das elites internas e externas”, numa alusão a Cabo Delgado.

Esta foi a primeira vez que o chefe de Estado assumiu o envolvimento das elites militares em ataques mortais até agora oficialmente atribuídos a “grupos armados sem rosto”.

O PLATAFORMA falou com dois empresários portugueses com interesses económicos na região, que pediram anonimato, preferindo nesta altura “evitar exposição”. Confirmaram, contudo, uma “longa história de ameaças e chantagem” levadas a cabo por parte de “grupos armados”, que “param se lhes pagam; atacam se lhes é negada” a chamada “taxa de segurança”.

Até agora, a versão oficial mencionava sempre “atacantes sem rosto”, mantendo o tabu em relação a atividade terrorista da Al Qaeda, às chamadas taxas de segurança ou à corrupção militar. 

Para o bispo católico de Pemba, capital de Cabo Delgado, o país está em suspenso pela guerra, “o maior vírus” na província em Cabo Delgado”, na expressão do bispo católico de Pemba, D. Luís Fernando Lisboa, em declarações ao Notícias do Vaticano.

“Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos a ser atacados. Há três anos tudo mudou na nossa vida. Choramos de dor e tristeza. Vivemos a fugir sem saber para onde”, alertou o prelado ao descrever a vida da população de Cabo Delgado, perante ataques constantes.

Em declarações ao PLATAFORMA, o deputado e primeiro-ministro do “governo sombra” da UNITA, Raúl Danda, assegurou que Cabinda continua a viver um “conflito político-militar” e que “o diálogo é a única via” para resolver os problemas no enclave localizado no norte do país.

Raúl Danda comentava notícias que falam em 15 mortes em confrontos na vila de Chuvovo, há cerca de uma semana, entre as Forças Armadas Angolanas e as Forças Armadas de Cabinda, o braço armado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda, movimento que luta pela autodeterminação do enclave localizado no norte de Angola.

 “O que ocorre em Cabinda não são incidentes. É um conflito político-militar que se instalou antes da independência do país, antes de novembro de 1975. Trata-se da expressão das aspirações do povo de Cabinda a uma autodeterminação”, disse Rául Danda.

A solução? “Os próprios cabindas já o disseram reiteradas vezes. A UNITA que é a principal força da oposição em Angola, também já o disse reiteradas vezes. A única via é o diálogo, aberto”, defendeu.

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