O Centro para a Democracia e Desenvolvimento, organização não governamental apoiada por programas governamentais suíços, suecos, noruegueses e ingleses, denunciou hoje em comunicado uma noite de pânico em Mocímboa da Praia, vila na província de Cabo Delgado.
O presidente moçambicano, Filipe Niusy, garantiu a semana passada que “os moçambicanos não tolerarão de forma repetida a chantagem da guerra cíclica movida por grupos de indivíduos manipulados para sustentar o ego das elites internas e externas”, admitindo, pela primeira vez o envolvimento das elites militares em ataques mortais até agora oficialmente atribuídos a “grupos armados sem rosto”.
O Plataforma publicou um grito de alerta do Bisto de Pemba: “Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos sendo atacados. Há três anos tudo mudou em nossa vida. Choramos de dor e tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde”, alerta o Bispo de Pemba, em Moçambique, Dom Luiz Fernando Lisboa, para descrever a situação vivida pela população de Cabo Delgado, perante os ataques terroristas de que a região tem sido alvo.
O comunicado hoje emitido pela ONG refere que, “para além do susto da noite de terça-feira, o desaparecimento forçado de pelo menos dez raparigas, na semana passada, agravou o sentimento de insegurança na vila. A população acredita que as vítimas foram raptadas por terroristas nos bairros de Nabubussi e Nacala, nos arredores da vila da Mocímboa da Praia”.
O Centro para a Democracia e Desenvolvimento termina o comunicado afirmando que, “enquanto os ataques não cessam, a crise humanitária continua a ganhar terreno e a conquistar novas vítimas. Se nas zonas afetadas pelos ataques não há condições de segurança para a assistência humanitária às famílias que ainda permanecem nas suas casas, nos locais de acolhimento de deslocados os apoios não chegam para todos. Tendas, produtos alimentares e de higiene são as principais carências nos centros de acomodação instalados no distrito de Metuge, com cerca de 10 mil deslocados”.