Apesar do pânico atualmente instalado, precisamos de avaliar a situação com calma, acreditando que esta epidemia irá com certeza acelerar o processo de modernização da administração social chinesa. Após uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) que terminou na madrugada de dia 31 de janeiro, e sob grande pressão de vários países ocidentais, o diretor da organização declarou o surto do novo coronavírus como uma “Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional”. Como Margaret Chan, ex-diretora-geral da OMS salientou, esta avaliação é lógica, tendo em conta a ameaça que o vírus apresenta para países em desenvolvimento. A China, estando no centro deste surto, assiste a um número de infetados a crescer rapidamente, possuindo atualmente já mais de 28 mil casos confirmados. No entanto, com apenas 228 casos diagnosticados fora da China, e só um morto, nas Filipinas, a OMS não deixou de declarar estado de emergência. Tal parece ser resultado de pressão internacional, e não da própria situação em si. Uns dias antes a própria organização tinha até salientado que o estado de emergência não dependia do número de infetados. Embora ainda existam poucos casos fora da China, existe a possibilidade de o vírus se alastrar. Assim sendo, a pressão internacional sobre a OMS fez com que a China e as respetivas medidas de controlo fossem avaliadas de forma diferente. A nível nacional Wuhan tem dificuldade em receber apoio, e a nível mundial a China enfrenta problemas com os EUA. Wilbur Ross, Secretário do Comércio dos Estados Unidos, disse que esta situação ajudaria a trazer de novo alguns empregos para o país. O lado americano acaba assim a exercer pressão sobre a OMS para considerar a China como uma emergência para a saúde mundial, alegando depois que ofereceria ajuda ao país. Trump decidiu ainda que irá banir a entrada no país não só de nacionais chineses, como de qualquer pessoa que tenha estado na China, fazendo com que quase todos os voos entre os dois países sejam cancelados. De seguida, será inevitável que os EUA continuem a tentar exercer pressão sobre a China. Por esta mesma razão a China tem salientado que o surto tem de ser controlado o mais rápido possível. Quanto mais tempo passar, mais espaço terão os EUA para operar. Todavia os líderes americanos parecem não entender que eles próprios também sofrerão consequências. Se de facto, vários países começarem a reduzir o comércio e intercâmbio com a China por pressão americana, a economia chinesa irá sofrer, mas a americana também. Por isso vivemos um período tão crucial, e é extremamente importante para a China controlar o surto no mais curto espaço de tempo possível. Às vezes, quando se passa por dificuldades certas realidades tornam-se mais evidentes, o mesmo acontece com os países. Porém, conflitos de interesses entre países complicam ainda mais a situação. Uma semana passou, e onde está o auxílio americano? Talvez o problema seja o Oceano Pacífico que é demasiado largo, no entanto outros países com menos recursos estão a oferecer ajuda à China. E estes não são nenhuns “pilares da democracia” ou “humanitários”, apenas estão a fazer o que acham correto. Tanto os fracos, como os fortes, os ricos e os pobres, numa situação de epidemia estão dispostos a ajudar, tal não só deu mais confiança à China nesta luta, como ajudou a restaurar a fé na dignidade e moral humana.
* Editor Senior
David Chan 07.02.2020