Início » Comércio da Barra volta a sofrer com inundações

Comércio da Barra volta a sofrer com inundações

Horas após a passagem do tufão Hato, as pessoas caminhavam de lanterna em punho, em pleno Porto Interior, desviando-se dos obstáculos no caminho. O cenário era de lixo no chão, carros virados do avesso, motas caídas e árvores no meio da estrada. O comércio voltou a ser penalizado. 

Kimmy Leung tem uma loja há 25 anos no Porto Interior, na Avenida Almirante Sérgio, e nunca viu nada assim. A água entrou dentro da loja, até ao teto, arruinando aparelhos elétricos e muitos outros produtos, com estragos avaliados em 12 mil patacas. “É a primeira vez que isto acontece”, salienta, apontando para os joelhos para indicar o nível máximo a que a água tinha chegado, em tufões passados. 

Quanto o tufão Hato passou mesmo por cima pela cidade, a água que vinha do rio fez submergir veículos, houve mortos, feridos e caíram árvores nas estradas. Houve falhas de abastecimento de água e de energia elétrica, mantendo-se até muito depois da passagem do tufão, em diferentes pontos da cidade. 

Às 18h30, quando o sinal baixou para três, a população encontrava-se na rua a limpar os estragos. Tiffany Fong estava numa loja entre o Porto Interior e a Avenida Almeida Ribeira a ajudar o pai nas limpezas. “A água chegou até aqui”, diz, apontando para o topo da porta. E os danos são muitos, na loja térrea que serve bebidas alcoólicas, ascendendo às 13 mil patacas, diz, arriscando uma estimativa. 

Seguindo pela Avenida Almirante Lacerda, na direção do Templo de A-Ma, o cenário é de destruição, por volta das 19h30. Praticamente não há luz e a população socorre-se da lanterna para ver onde pisa. Há lixo empilhado nas ruas e a faixa de rodagem, no sentido Taipa-Macau, está bloqueada ao trânsito, dadas as árvores no meio da estrada. 

No caminho até à Barra, passa-se por duas ou três filas de quase 40 ou 50 funcionários dos casinos, que aguardam há quase uma hora um meio de transporte que os leve ao local de trabalho. Numa loja que vende relógios e alguns artigos de tabacaria, junto ao Templo de A-Má, está Kimmy Leung, a limpar os estragos. “A água chegou até ao teto — durante uma hora a loja esteve cheia até ao teto de água”, diz. “Por volta das 10h30, havia carros a flutuar na água e poucas pessoas na rua”, acrescenta, esclarecendo que assistiu a tudo da janela da sua casa. Proprietária daquela loja há já 25 anos, diz que nunca passou por um tufão desta intensidade. Com estragos na ordem das 12 mil patacas, a lojista assegura que não são os únicos com danos. “Todas as lojas daqui têm o mesmo problema”, afirma.

Atravessando a estrada, no parque de estacionamento junto à Capitania dos Portos, há carros virados ao contrário, com as janelas partidas, e motas caídas. “Este pode andar, mas entrou alguma água no carro e afetou a parte elétrica”, diz Curtis Chan, apontando para o seu veículo. O veículo, agora bem estacionado, tinha sido arrastado pela água. Quanto à casa, que se situa ali perto, não sofreu danos. Já o segundo carro da família não teve tanta sorte. “Ficou inundado completamente”, afirma, acrescentando: “Esse não anda.” Foi o tufão mais forte que alguma vez assistiu, garante, salientando que já ali mora há 30 anos. 

Luciana Leitão

Contact Us

Generalist media, focusing on the relationship between Portuguese-speaking countries and China.

Plataforma Studio

Newsletter

Subscribe Plataforma Newsletter to keep up with everything!