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Novo ciclos, velha visão

Angola acelera para um novo ciclo político, sem o todo poderoso dos Santos; o Brasil de Temer recupera a deriva liberal e conservadora, embora a esquerda ainda sonhe ressuscitar Lula da Silva; Moçambique procura novas oportunidades e promete maturidade democrática; Portugal ensaia uma frente de esquerda europeia, mas a dívida estrutural minimiza a boa gestão do défice. Mudam-se regimes, políticas, líderes, visões e vontades… O crescimento económico, esse, ainda é muito ténue. Mas nem assim se aposta numa verdadeira frente internacional de base cultural e linguística.
A China traz vetores de esperança. É um parceiro comercial incontornável com uma capacidade de investimento invejável. Mais: traz ao xadrez da política internacional novas regras e combinações. Mas não há entre os países lusófonos uma ideia forte e consistente de gestão de oportunidades na sua própria geografia. A economia da língua continua a ser um conceito vago usado na diplomacia e na promoção do investimento, em terrenos potencialmente bem mais férteis.
Os generais chineses olham para o mapa-múndi e detetam uma língua em praticamente todos os continentes; Pequim projeta Macau e abre canais de comunicação para 250 milhões de falantes de português; os fundos públicos e privados caçam grandes empresas lusófonas e investem em oportunidades estratégicas… A China percebe, pode e quer. Lida é ainda com povos que percebem mal a sua própria identidade.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa são tristes exemplos de boas ideias falhadas. A discussão estéril em torno do acordo ortográfico é apenas mais um exemplo de preconceitos ideológicos e catarses coloniais mal feitas. Mas a China vê bem; logo, além das valias políticas, comerciais e de investimento, serve também de espelho: é nos outros que se reconhece o valor que a nós próprios negamos.

Paulo Rego 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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