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Wang Hui – XI JINPING: RENDIMENTOS DOS MILITARES PARTIRÃO SOBRETUDO DO SEU SALÁRIO

 

O termo “oficial nu” originalmente tem um significado pejorativo, referindo-se aos oficiais corruptos do Partido Comunista Chinês que têm as mulheres e filhos a residir no estrangeiro. No entanto, aplicado a um outro contexto, é-lhe atribuído um novo significado.

O Presidente Xi Jinping numa importante reunião militar declarou: “De hoje em diante os rendimentos dos militares partirão principalmente do seu salário, não poderão ter os chamados “rendimentos cinzentos”, muito menos aqueles adquiridos por meios ilegais, caso contrário serão alvo de investigação e julgamento.” Estas palavras foram dirigidas aos membros do exército e também a todos membros do partido, principalmente os quadros dirigentes. Na resolução deste assunto, apenas quando os oficiais “não puderem” cometer tais ações é que poderão ser obtidos resultados; e apenas quando os quadros do partido “não quiserem” enveredar por essas vias é que poderemos considerar alcançada uma “nova normalidade”.

Durante milhares de anos, as palavras “poder” e “dinheiro” constituíram os grandes valores universais de muita gente. O poder no topo, e o dinheiro imediatamente a seguir. Ao poder estão associadas muitas coisas, não só um bom salário, habitação e terrenos, mas também a posição social e a glória, tanto do próprio como também dos seus descendentes. Resumindo, o poder é intimidante, e os oficiais no poder são invejados. Passaram-se mais de trinta anos desde a reforma e abertura económica da China, mas as pessoas continuam a dizer “nesta terra foi onde nasceu o oficial assim-assim…”. Oficiais governamentais de todos os níveis deveriam estimar esta honra especial, mas alguns não ficam satisfeitos com o facto de servir o povo, e seguem então o caminho da ganância em busca dos prazeres pessoais. O dinheiro tomou o lugar do poder. Já nas dinastias antigas se tentou separar os dois, inclusive pondo em prática políticas de salários altos para desencorajar a corrupção, mas nenhuma das tentativas teve sucesso. No fundo, independentemente de todas as outras mudanças, a natureza do poder não mudou e os estatutos de senhor e de servo também não mudaram. Sun Yat-sen, um dos precursores da revolução, propôs “Os Três Princípios do Povo” defendendo que “o mundo pertence ao povo”. Mas, infelizmente, Chiang Kai-shek foi abandonando gradualmente esta máxima, mantendo o poder dentro das “quatro grandes famílias”, até que por fim teve de fugir consternadamente para uma ilha. Apenas na velha geração comunista representada por Mao Tsé-Tung, lutando lado a lado com o povo, dando a vida pelo país, é que se realizou a fundamental revolução do poder, esclarecendo-se a quem o poder seria conferido e quem poderia tomar uso dele. Para eles abrir exceções era considerado “extremamente vergonhoso”, e desde o presidente e primeiro-ministro até aos fundadores da pátria, mesmo para tomar um chá no Grande Salão do Povo todos pagavam do seu próprio bolso. Perante este tipo de consciência e autodisciplina, como é possível não existir vergonha nesses oficiais corruptos que dizem “Eu nem preciso de mexer no meu ordenado, e na minha mulher também não.”

“Para uma árvore crescer forte é preciso fixar bem as suas raízes; para um rio chegar longe é preciso dragar a sua fonte.” Quanto ao crescente combate à corrupção que se tem verificado ultimamente, acredito humildemente tratar-se de mais uma revolução de poder do nosso Partido. Desde o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, esta luta contra a corrupção e por um governo mais transparente que se tem verificado não se trata apenas de aplicar medidas temporárias e seletivas, prendendo apenas alguns criminosos e escolhendo alguns casos mais graves, mas sim de elevar o lema de governar o país e o exército segundo a lei, cortando o mal pela raiz e erradicando completamente a corrupção. É preciso não só fechar o poder dentro duma gaiola do sistema, mas é também preciso pôr a chave nas mãos do povo, deixar o sistema governar as pessoas, os assuntos e o poder, e deixar o povo supervisionar o partido e o governo. Caso contrário, como é possível quebrar o ciclo histórico de ascensão e queda de uma nação? Como é possível evitar que a tragédia da Guerra Sino-Japonesa se repita? Como realizar o sonho do renascer da civilização chinesa? Atualmente, nalguns quadros políticos ouve-se dizer que “ser do governo não é fácil”, que “a política é uma carreira de alto risco”, ou que já passou a “melhor altura para se ser um oficial do partido”. Na minha opinião, estas “palavras amargas” não partem dum ponto de vista imparcial, e podemos tentar ver as coisas pelo lado positivo. O Presidente Xi Jinping disse: “Na minha opinião, ser um bom oficial do Partido Comunista não é fácil. E também não me lembro de alguma vez ter ouvido um líder competente dizer que este é um trabalho confortável.” Nesta perspetiva, ser um membro do governo exige muito trabalho, e dizer que “não é fácil” não é um exagero. Mas, mais do que isso, é um trabalho que acarreta uma grande responsabilidade. Um membro do governo não pode ignorar as causas importantes ou tomar decisões levianamente, sob o risco de ser punido. Por isso, não é errado dizer que se trata de uma “carreira de alto risco”. Quanto à “melhor altura para se ser um oficial do partido”, quem tem lucidez para tal análise também deve ser capaz de se autoanalisar. O Comitê Central do Partido Comunista e o Presidente Xi Jinping são inabaláveis na sua determinação, e regressar aos “bons velhos tempos” será impossível.

Em 1901, o imperador Guangxu, num decreto em que analisa as razões das “fraquezas da China”, declarou: “O mal do nosso país reside no desejo egoísta, a ruína do mundo reside no desejo de lucro”. Existe uma linha que separa o privado do público, assim como uma linha vermelha que separa o poder do dinheiro. O partido e o povo já deram aos quadros dirigentes de todos os níveis uma remuneração adequada, e esta remuneração ainda pode aumentar consoante o desenvolvimento económico e a melhoria das condições de vida. Não é justificável ir em busca de remunerações adicionais. Se os quadros dirigentes de todos os níveis puderem gastar do seu salário calma e confortavelmente, fazendo de si oficiais honestos e trabalhadores, ou “oficiais nus”, o que é que isso tem de mal?

 

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