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Xin Lian – OBSTÁCULOS NAS FUSÕES E AQUISIÇÕES EM FRANÇA

 

Segundo relatado no site do jornal japonês Nikkei no dia 19 de janeiro, em França, as fusões e aquisições (F&A) por parte de empresas chinesas estão a ser alvo de constante oposição. A aquisição de empresas de hotelaria preocupa os partidos de extrema-direita, e na compra de ações de aeroportos as empresas chinesas também sofreram a oposição das empresas locais com o reajuste da proporção dos investimentos. Devido à crise económica, o nacionalismo xenófobo em França está a crescer, e os conflitos com as empresas chinesas que “atacam” o mercado europeu deverão ter tendência a aumentar.

O grupo empresarial chinês de investimento privado Fosun decidiu adquirir a empresa de hotelaria Club Med. No dia 2 de janeiro, o empresário italiano com quem disputava a aquisição anunciou cancelar a proposta de compra, saindo o grupo Fosun vitorioso com a sua oferta de 900 milhões de euros.

No entanto, membros dirigentes da Frente Nacional (FN), partido francês de extrema-direita, expressaram a sua preocupação, dizendo que o Club Med se iria tornar no “Club Mar da China”. Estas preocupações surgem devido a uma longa história de aquisições de empresas francesas por empresas chinesas, causando uma ameaça à identidade francesa.

Nas eleições municipais de março de 2014 e nas eleições para o Parlamento Europeu de maio do mesmo ano verificou-se claramente um crescimento da Frente Nacional, e segundo algumas opiniões, Marine Le Pen, presidente do partido, poderá ser uma forte candidata nas eleições presidenciais francesas em 2017. A insatisfação com a situação de crise económica e desemprego leva o povo francês a apoiar o partido nacionalista. O FN já tinha anteriormente defendido a aplicação de restrições à imigração e a saída da zona euro, e a China tornou-se num novo objeto de exclusão.

Para além disso, o investimento de empresas chinesas no aeroporto de Toulouse no sul de França também sofreu oposição. No dia 14 de dezembro do ano passado, o governo francês anunciou a venda de 49,9% de participação no aeroporto a um consórcio de capital chinês.

O consórcio é composto em parte pelo grupo estatal de transportes integrados da província de Shandong, o Shandong Hi-Speed Group. Este é o primeiro investimento de capital chinês num aeroporto francês, com o valor da aquisição a atingir cerca de 300 milhões de euros. As restantes ações continuarão na posse do governo francês e do governo municipal.

“50,1% continuará a consistir em capital francês” comunicou o governo francês, procurando a compreensão de todas as partes. Mas Toulouse é a base de operações de várias importantes empresas de fabrico de aeronaves, e os novos modelos são frequentemente testados nesse aeroporto. Segundo os meios de comunicação franceses, o governo francês planeava inicialmente vender 60% das ações, mas, deparando-se com uma forte oposição por parte das empresas locais, decidiu alterar os planos e manter em posse francesa mais de metade das ações.

O investimento chinês em empresas tradicionais francesas, assim como em aeroportos e outras infraestruturas importantes, parece deixar os franceses desconfortáveis, e leva-os a demonstrar a sua oposição. Naturalmente, os franceses não estão completamente desacostumados a lidar com o investimento de empresas estrangeiras.

O emblemático clube de futebol da primeira liga francesa, Paris Saint-Germain, pertence a capital catariano, e o luxuoso Hôtel de Crillon está sob o controle da família real saudita. Segundo o comentário de um especialista apresentado nos meios de comunicação franceses: “O capital do Médio Oriente já há muito tempo que tem uma presença em França, mas quanto à China talvez ainda haja um pouco de estranheza”. Mas no Reino Unido o sentimento de presença das empresas chinesas está a intensificar-se, como se pode verificar, por exemplo, pela participação na construção de uma central nuclear.

Devido à crise económica na Europa, está a verificar-se um crescimento do nacionalismo e uma tendência para a xenofobia. Alguns analistas acreditam que a resposta francesa ao problema da globalização lenta é um dos fatores que dão origem a esta forte oposição às empresas chinesas.

 

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