A 19.ª Feira Internacional de Macau (MIF) terminou no domingo com um balanço positivo da organização, que destacou a assinatura de mais de 130 protocolos de cooperação, alguns envolvendo países lusófonos, mas empresários portugueses lamentam que o certame tenha tido poucos visitantes.
De acordo com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), a MIF contou com a realização de mais de 1500 bolsas de contacto e 40 fóruns, conferências e sessões promocionais.
Os protocolos assinados envolveram países como Portugal, Brasil, China continental, Macau, Congo, Estados Unidos, Peru, Japão, Vietname, Singapura, Taiwan e Hong Kong, referindo-se a setores como a medicina tradicional chinesa, produtos alimentares e bebidas, turismo, cultura e comércio.
O IPIM indicou que os “resultados foram francamente positivos” e que demonstraram a “eficiência da MIF na promoção da diversificação económica” de Macau e o papel do certame “no domínio económico e comercial e aproveitamento do território “para a abertura dos mercados doméstico e do exterior e desenvolvimento da cooperação regional”.
Não foram revelados dados concretos quanto ao número de visitantes, mas a administradora do IPIM e coordenadora da comissão organizadora da MIF, Irene Lau, indicou à TDM que a edição deste ano contou com menos 10% face ao ano passado, apesar de mais protocolos assinados.
A MIF registou este ano, pela primeira vez, um pavilhão de produtos alimentares e bebidas dos países de língua portuguesa e a maior participação lusófona, com mais de 200 empresas, a maioria das quais portuguesas.
João Nogueira, representante do grupo português Nogueira, que participou pela primeira vez na MIF, disse ao Plataforma Macau que encontrou uma “feira fraca”. “Só no último dia é que surgiram algumas caras com potencial [para futuros negócios], houve poucos visitantes e o nosso pavilhão não estava bem posicionado, acho que se calhar tem de ser pensado de outra maneira, talvez não haver corredores de divisão, ser um espaço mais amplo e haver uma área para reuniões, porque estávamos muito divididos e o público não chegou lá”, constatou.
O pavilhão onde as empresas portuguesas se estavam a promover ficava no fundo da MIF e tinha o stand da Alemanha à sua frente.
O diretor da empresa portuguesa Inovfood, Bruno Cardoso, participou na MIF pela terceira vez e sentiu que a feira “está a perder visitantes” e apresenta “falta de substância”.
“As pessoas de Macau têm de estar envolvidas e Macau, como tem um aeroporto focado em grandes cidades chinesas, penso que tem de procurar atrair os importadores chineses”, disse, considerando que na MIF “fecham-se mais protocolos políticos do que propriamente negócios, o que desmotiva os empresários”.
Apesar de o certame ter contado com a presença da maior comitiva portuguesa, o pavilhão, assinalou o empresário, “terá contado com umas 30 visitas no primeiro e segundo dias, mas sobretudo de funcionários da MIF e de outros stands, e no último dia apareceram mais pessoas que queriam comprar produto barato, o que em termos de negócio não vale muito”.
O presidente da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC), Alberto Carvalho Neto, realçou um “pavilhão dinâmico que conseguiu ultrapassar determinadas expectativas, apesar das dificuldades e da mudança à última hora do espaço de seminários, que estava previsto para o centro e passou para uma extremidade”.
“A MIF é uma feira que está 20 minutos cheia e depois fica vazia, no entanto, conseguimos criar várias atividades para bolsas de contacto, de modo a cativar os empresários chineses a relacionarem-se connosco”, apontou.
Para Alberto Carvalho Neto, a MIF serviu ainda para “mostrar que Portugal tem uma capacidade de triangulação muito forte”, pela cooperação entre associações lusófonas que foi registada. “Isto reforça o que temos vindo a dizer, que as empresas portuguesas devem olhar para África, Brasil e Timor-Leste com uma capacidade de apoio à realização de determinados projetos a que conseguimos acrescentar valor. Temos é de apanhar a onda”, concluiu.
A MIF ocupou mais de 30 mil metros quadrados no centro de convenções e exposições do Venetian, contou com a participação de mais de 50 países e regiões e cerca de 1900 stands.
A 20.ª edição do certame está agendada para os dias 22 a 25 de outubro de 2015.
Patrícia Neves