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Queda das exportações para Lusofonia deve manter-se

Nelson Moura

A queda acentuada das exportações de Macau para a Lusofonia é consequência das tensões geopolíticas e elevada inflação global, apontam delegados do Fórum Macau. Avisam que a tendência ainda se deve arrastar por algum tempo, mas que o rumo do comércio sino- lusófono é, no geral, positivo

As exportações oriundas de Macau para os Países de Língua Portuguesa atingiram apenas 488.000 patacas entre janeiro e maio deste ano, uma quebra de 42.6 por cento, segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). 

Em sentido contrário está o valor importado para a RAEM com origem nestes países – aumentou o principal produto importado pela RAEM 74,1 por cento, para 648 milhões de patacas. 

De acordo com os dados, verifica- -se que a queda acentuada nas exportações deve-se a uma descida abrupta das exportações para Portugal, o segundo maior parceiro lusófono da RAEM depois do Brasil. Esta tendência contrasta com as exportações do interior da China para os Países de Língua Portuguesa, que no mesmo período aumentaram 5,46 por cento em ter- mos homólogos, para 29.309 mil milhões de dólares, segundo os Serviços da Alfândega da China. 

Macau pouco exportador 

Em comentários ao PLATAFORMA, a delegada em representação de Portugal no Fórum Macau, Márcia Guerreiro, destaca que as exportações da RAEM para os países lusófonos “têm pouca expressão”. “A maioria das exportações de Macau são reexportações, sujeitas a uma grande volatilidade e forte- mente influenciadas pela conjuntura política e económica regional e internacional. Importa referir que esta é uma tendência geral. Há um decréscimo generalizado, na ordem dos 16,6 por cento nas ações totais de exportação de Macau durante o período em análise”, aponta. 

A delegada de Portugal salienta que várias razões podem estar na origem da queda das exportações, incluindo a pressão geopolítica internacional, a elevação global e o consequente aumento dos custos das matérias-primas, dos fatores de produção e transporte de mercadorias. 

“É importante também referir os efeitos das medidas restritivas adotadas no âmbito da pandemia de Covid-19, sobretudo a disrupção das cadeias de abastecimento, que levaram muitos países a diversificar os seus parceiros comerciais. Deste modo, é possível que se continue a verificar uma tendência descendente das exportações de 

Macau para os mercados lusófonos nos próximos meses”, sublinhou. “No entanto, apesar das vicissitudes conjunturais, as relações comerciais sino-lusófonas têm vindo a crescer e a fortalecer-se de uma forma geral.” 

As trocas comerciais de Macau com os Países de Língua Portuguesa, aumentaram 46 por cento em 2022, face ao período homólogo de 2021, ultrapassando o valor de 2019. 

Brasil progride 

Ao retirar Portugal e Brasil da equação, o volume das trocas comerciais com Países de Língua Portuguesa entre janeiro e maio deste ano chega apenas às 2.7 milhões de patacas. 

As trocas comerciais de produtos de Portugal – principalmente produtos alimentares – para a RAEM caíram 13 por cento, para 120 milhões de patacas, com o valor das exportações para Portugal perto do zero. 

O Brasil é claramente o maior parceiro comercial lusófono da RAEM, com um volume de troca a atingir os 525.2 milhões de patacas, um aumento de 125 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.

Apesar de reduzidas, as exportações da RAEM para o Brasil cresceram 76 por cento, para 381.193 patacas.

Em comentários ao PLATAFORMA, o representante do Brasil no Fórum Macau, Adriano Giacomet, escolheu destacar que as exportações brasileiras para a RAEM tiveram um aumento expressivo em 2022. Segundo Giacomet, no ano passado as exportações de Macau para o Brasil aumentaram 16,5 por cento, muito graças à exportação de chapas e lâminas de plástico.

No mesmo ano, as exportações do Brasil para Macau caíram 81 por cento, muito devido à queda de 37 por cento registada no couro, o principal produto importado pela RAEM.

No que toca ao interior da China, entre janeiro e junho de 2023, as exportações para o país sul americano tiveram um queda de 8,8 por cento, com as exportações brasileiras a subir 5,9 por cento. “Nesse pequeno período de tem- po seria imprudente falar em uma tendência de queda das exportações chinesas, tendo em conta o expressivo aumento no ano passado”, realça Giacomet. 

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