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Concessões de jogo de Macau disputadas

Guilherme Rego

O concurso público para as concessões de jogo em Macau terminou e trouxe consigo um novo ‘player’. Fechado o processo, apenas a GMM Limited, ligada ao Genting Group, joga contra o favoritismo das ‘big six’, que também entram na corrida pelos seis lugares

Um concurso público que marca os próximos 10 anos da indústria do jogo em Macau terminou no dia 14 de setembro. As dúvidas que permaneciam sobre a possibilidade de haver “surpresas” foram, entretanto, dissipadas com a entrada da GMM Limited. Um dos membros da administração desta empresa é Lim Khok Thay, também CEO do Genting Group, que opera casinos resort na Malásia e Singapura.

Significa isto que sete empresas disputam seis concessões de jogo; ou uma se mantém de fora, ou outra terá de lhe dar o lugar. Certo é que a GMM está “confiante” e espera “trazer um novo impacto” à cidade, disse Ms. Chan, a representante da GMM, acrescentando que Lim Kok Thay não pôde entregar os documentos pessoalmente devido às restrições pandémicas.

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As restantes seis operadoras não constituem qual- quer surpresa, visto que as ‘big six’ já são bem conhecidas em Macau. Sands China, Melco Resorts & Entertainment, Wynn Macau, SJM Holdings, MGM China e Galaxy também vão a jogo, como já seria de esperar, apesar dos tempos difíceis que têm passado com a pandemia e a política de casos zero que vigora em Macau.

Com entrada a janeiro de 2023, prevê-se que sejam anunciados até novembro deste ano os vencedores do concurso que terão as fichas na mão até, pelo menos, ao fim da próxima década.

RESPONSABILIDADE MAL EMPREGUE

Contudo, há dúvidas que não foram dissipadas com o término da entrega de propostas. Aliás, o dilema continua a ser o mesmo.

Estarão estas empresas capacitadas para dar a Macau a diversificação que tanto precisa?

Este foi um dos temas discutidos na Edição Especial da G2E Asia: Singapura, no fim de agosto. Relembrar que nas propostas entregues foi solicitado a estas empresas que apresentassem a sua estratégia para atrair jogadores e turistas estrangeiros, bem como diversificar as ofertas não relacionadas com o jogo. Por muito que esta preocupação por parte do Governo seja justificada, questiona-se se esta responsabilidade deve ser do encargo das futuras operadoras.

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“O Governo de Macau tende a confiar nas concessionárias porque pensam que têm os recursos e o alcance global para trazer muitas destas ofertas [não relacionadas com jogos] para Macau”, disse Chen Si, o recém-nomeado chefe de operações do Inspire Entertainment Resort, na Coreia do Sul.

A GMM Limited encontra-se ligada ao deputy chairman e CEO do Genting Group, Lim Kok Thay

“Mas na realidade, o Governo deveria estar ao volante”, acrescentou o responsável, que só recentemente deixou Macau. “Há uma ausência de liderança do Governo a nível de trabalho para coordenar, desenvolver políticas e conceber mecanismos para conduzir estas ofertas em Macau”, continuou.

“Esse não é realmente o papel das concessionárias. Elas têm os recursos e espaço para apoiar, mas tê-las no lugar do condutor é um pouco exagerado”.

FRONTEIRAS CORTAM RECUPERAÇÃO

Nos primeiros sete meses de 2022, as receitas do jogo em Macau totalizaram apenas 26,67 mil milhões de patacas (3,33 mil milhões de dólares), menos 53,6 por cento relativamente ao ano passado.

O valor traduz-se em apenas 15,3 por cento do volume pré-Covid. Relativamente às perspetivas do mercado de jogos de Macau, os membros do painel expressaram otimismo, mas Ken Jolly, vice-presidente e diretor-geral para a Ásia do fornecedor de equipa- mento de jogo Light & Wonder, sublinhou que a chave para a recuperação depende do levantamento das atuais restrições fronteiriças e do fluxo estável de turistas do continente para Macau.

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Falando da evolução da posição de Pequim em relação à indústria do jogo de Macau nos últimos anos, Si afirmou que tal deve-se aos receios de fuga de capitais numa economia em abranda- mento e das tensões geopolíticas, mas que essas circunstâncias podem “mudar rapidamente e isso pode também mudar o destino de Macau”.

FORNECEDORES FOGEM PARA OUTROS MERCADOS

Entretanto, mediante as mudanças no mercado de jogo local, os fornecedores de equipamento de jogo de casino com operações em Macau estão a deslocar mão de obra e recursos para outras jurisdições de jogo na Ásia, como as Filipinas e Singapura, informou a Bloomberg.

A agência noticiosa financeira citou Jay Chun, presidente da Associação de Fabricantes de Equipamento de Jogo de Macau, dizendo que pelo menos quatro fornecedores multinacionais de casinos em Macau o estavam a fazer. “Singapura e as Filipinas estão a crescer exponencialmente”, disse Chun. “Macau já perdeu o seu brilho”.

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Dados da Bloomberg Intelligence revelaram que as receitas do jogo de Macau só recuperaram para cerca de 18 por cento do nível de 2019 no primeiro se- mestre deste ano. Por outro lado, Filipinas e Singapura recuperaram para 79 por cento e 68 por cento dos níveis pré-pandémicos, respetivamente, nos primeiros seis meses de 2022.

Os casinos de Macau não estão a comprar nenhum equipamento novo até obterem licenças, pelo que empresas no território como a Light & Wonder, uma das principais fornecedoras de equipamento de jogo dos EUA, está apenas a obter receitas limitadas de manutenção e apoio técnico, disse Ken Jolly, vice-presidente e director-geral da empresa na Ásia, à agência noticiosa financeira.

“O mercado filipino tornou-se um mercado dominante na Ásia, e faz sentido para nós colocarmos lá mais pessoal”, justificou Jolly.

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