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Coachella: uma canção para a Ucrânia e um Batman mexicano

“Vamos dançar na gasolina”, cantava Damiano David, vocalista da banda italiana Måneskin, num concerto impressionante que abanou o palco Mojave do festival Coachella. “Como é vocês dormem à noite? Como é que fecham os olhos, vivendo com essas vidas todas nas vossas mãos?”, continuava. “Sozinhos nessa montanha, usando o vosso combustível para matar.”

A canção, que fechou um concerto eletrizante dos italianos que ganharam o Festival da Eurovisão em 2021, foi escrita para apoiar a Ucrânia. “Não vamos assistir a isso parados”, diz a letra. “Vejam-nos a dançar. Vamos dançar na gasolina.” Enquanto a banda tocava, imagens da destruição que a Rússia está a provocar no país apareciam nos ecrãs, sobrepostas nos olhos do presidente russo Vladimir Putin. O som caótico e urgente da nova canção era impossível de ignorar, tal como a guerra. Isso mesmo foi o que gritou Damiano David antes de abandonar o palco. “Libertem a Ucrânia“, pediu. “O Putin que se f***.”

A performance dos Måneskin, que tocaram a música da Eurovisão “Zitti e buoni” e uma versão interessante de “Womanizer” de Britney Spears, aconteceu no terceiro e último dia do primeiro fim-de-semana do Coachella, que regressou ao deserto californiano três anos depois. A noite terminou em grande festa com um set bem estruturado dos Swedish House Mafia – Axwell, Steve Angello e Sebastian Ingrosso, que puseram a maior multidão noturna do festival a saltar durante mais de 45 minutos. Apesar de um atraso de meia hora, o trio de DJs foi recebido com entusiasmo por uma audiência ansiosa por dançar e contente pela temperatura amena que ainda se fazia sentir depois das dez da noite.

“Permitam-nos que nos apresentemos outra vez”, gracejou Axwell quando os DJs tomaram o palco, dizendo o nome de cada um. A multidão respondeu e dançou como se estivesse numa rave no deserto, o que levou Axwell a endereçá-los novamente. “Obrigada por nos receberem de volta desta maneira”, disse, lembrando que o trio se tinha separado e que voltaram a tocar juntos por vontade dos fãs. Um dos momentos mais altos do set foi, quase no final, a atuação de “Don”t you worry child”, que a audiência cantou a plenos pulmões.

The Weeknd, o grande nome que faltava para fechar o cartaz, apareceu a seguir sem intervalo, fazendo jus ao alinhamento que veio substituir Kanye West (que cancelou a atuação a semanas do festival). O cantor entregou boas interpretações de êxitos como “Can”t feel my face”, “Blinded by the lights” ou “The Hills.”

Antes das emoções finais, o palco principal já tinha oferecido aos fãs os concertos exuberantes de Doja Cat e Karol G, que trouxe o DJ Tiesto para a sua performance.

Ainda durante o dia, a banda de Los Angeles Chicano Batman deu a provar do seu som de fusão latina aos fãs que se juntaram no palco Gobi, numa das performances mais sólidas do dia. A banda liderada por Bardo Martinez, um latino-americano que cresceu em Los Angeles, tem referências da música popular brasileira, rock latino vintage, cumbia e psicadélica.

Fora dos palcos, o ambiente no festival era de grande exuberância fashionista – olá, botas de cowboy, vestidos transparentes e pedras brilhantes coladas na cara – e de comunidade. Houve um sentido claro de comunhão neste regresso, apesar dos desconfortos que isso traz, como o estado das casas de banho, a inflação no preço da comida e a escassez de sítios à sombra para descansar.

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