Na liga Alxa, na Mongólia Interior, foi vista uma parede de areia e poeira com cerca de 100 metros de altura, empurrada por fortes ventos e carregada de grandes de poeiras, em direção à região de Hexi, província de Gansu. Ao longo dos últimos dias, ondas de areia e poeiras têm afetado várias regiões da China, levando a que o bom tempo de abril se torne enublado de novo
Ainda esta semana, o Centro Nacional de Meteorologia emitiu um alerta azul para tempestades de areia. Segundo a nota, devido ao tempo frio e ventos fortes, espera-se que areias e nuvens de poeira atinjam diferentes regiões, incluindo o leste e o sul de Xinjiang, noroeste de Qinghai, Mongólia Interior, centro e oeste de Gansu, Ningxia, centro-norte de Shaanxi, Shanxi, Hebei, Pequim, Tianjin, centro-norte de Shandong, norte de Henan, sudoeste de Heilongjiang, e as zonas oeste de Jilin e Liaoning. A zona central da Mongólia Interior também aparece entre as que podem ser atingidas por tempestades de areia.
Nas palavras de Gui Hailin, diretor meteorológico do Centro Nacional de Meteorologia, estão atualmente reunidas as condições necessárias para causar nuvens de areia e poeira. Todavia, o especialista admite que esta nova vaga tenha um impacto relativamente inferior ao anterior fenómeno do tipo (15 de abril).
“Este ciclone da Mongólia vem de leste, não passando por nenhuma grande fonte de areia, ou seja, não possui “matéria-prima” suficiente para transportar muita areia. A intensidade do vento frio que alimenta este ciclone também é fraca, fazendo com que estes ventos não sejam capazes de levantar grandes quantidades de poeira até grandes altitudes. As condições dinâmicas são insuficientes para ventos de areia”, afirma Gui Hailin.
Dados mostram que ao longo deste ano a zona Norte da China viveu cinco grandes fenómenos meteorológicos de areia, levando a que a população note que estes ventos são mais comuns e intensos agora do que em anos anteriores. Mas porque haverá tantas tempestades de areia este ano? Zhang Bihui, diretor do Centro Meteorológico Chinês da Administração Meteorológica Chinesa, esclarece que desde o início do ano a China tem sofrido várias tempestades de areia. No total, registou-se um maior número de tempestades de areia, incluindo fortes, desde 2013 em comparação com a mesma época desse ano (+0,9), e estas tempestades foram mais intensas (+2,1). Zhang Bihui confirma que estas aconteceram por se terem reunido as condições meteorológicas ideaias para a ocorrência destes fenómenos. “Esta Primavera as temperaturas na Mongólia e Mongólia Interior têm-se mantido altas desde meados a finais de fevereiro, com baixa precipitação, levando à descongelação do solo e à formação de poeiras, condições necessárias para tempestades como estas. Além do mais, a atividade ciclónica da região tem crescido rapidamente desde março. A respetiva rota, juntamente com o ar frio deixou um grande impacto no Norte da China, devido à curta distância entre as principais fontes de areia e a região. Este ano sentimos por isso fenómenos de ventos de areia mais intensos, trazendo um impacto claro a regiões como Pequim, Tianjin e Hebei”, assinala.
Peritos afirmam que estes são fenómenos normais durante a primavera, e que a quantidade de tempestades de areia depende de condições específicas meteorológicas e do solo local. Todavia, o aquecimento global tem dado origem a temperaturas mais altas e a menores níveis de precipitação, podendo acelerar os processos de desertificação e criar então mais tempestades como estas. Especialistas afirmam que a desertificação é um problema global que deve ser resolvido por todos os países. Apenas depois de o ambiente ecológico mundial melhorar, é que estes fenómenos poderão diminuir.
Com o verão à porta, irão estas tempestades voltar? Gui Hailin acredita que apesar de 60% a 70% das tempestades de areia ocorrerem durante a primavera, as poeiras não são exclusivas desta estação. Estes fenómenos irão por isso continuar pelo verão, mas numa quantidade e intensidade inferior e, por isso, os níveis de alerta serão também inferiores.