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Presidente ucraniano propõe reunir-se com Putin para evitar ‘uma guerra’

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, convidou esta terça-feira (20) o colega russo, Vladimir Putin, para se reunirem na zona em conflito no leste da Ucrânia para diminuir as hostilidades entre os dois países.

“Senhor Putin! Estou preparado (…) para lhe propor que nos reunamos em qualquer lugar do Donbass ucraniano onde a guerra continua”, disse Zelenski em discurso à nação.

“O presidente russo disse um dia: ‘Se uma briga é inevitável, devo atacar primeiro’. Mas na minha opinião, cada líder deve entender que uma briga não pode ser inevitável quando se trata […] de uma verdadeira guerra e de milhões de vidas” em jogo, acrescentou.

Zelenski também destacou que não é “tarde demais” para evitar perdas humanas.

“A Ucrânia quer uma guerra? Não. E está preparada para ela? Sim […] Não temos medo, já que temos um exército incrível”, afirmou o chefe de Estado ucraniano.

“Não destruiremos as outras terras e povos. Mas isto não significa que permitamos que nos destruam”, acrescentou.

Após uma trégua respeitada durante o segundo semestre de 2020, as hostilidades entre o exército ucraniano e as forças separatistas do Donbass – que têm o apoio económico e militar da Rússia – recomeçaram no início deste ano.

Zelensky já havia dito em várias ocasiões que propunha se reunir com Putin desde o final de março, mas o Kremlin informou que não havia recebido tal pedido.

Kiev também solicitou na última sexta-feira a realização de uma cúpula entre Ucrânia, Rússia, França e Alemanha.

“Estamos com medo”

Ao mesmo tempo, acentuaram-se as tensões entre Kiev e Moscovo, que deslocou dezenas de milhares de soldados perto da fronteira com a Ucrânia, o que gerou o temor de uma eventual operação militar russa.

De acordo com a União Europeia, a OTAN e Washington, trata-se de um destacamento militar “sem precedentes”, no qual estão envolvidos até 100.000 soldados russos, alertaram as autoridades europeias.

Os civis que vivem perto da linha de frente não escondem o medo de uma retorno massivo aos combates e muitos deles estão a deixar a área.

“Esta manhã houve novamente tiros muito intensos”, lamentou Iulia Ievtchenko em declarações à AFP. Esta mãe de quatro filhos mora na pequena cidade de Krasnogorivka, protegida pelo exército ucraniano, e o seu apartamento fica num prédio bastante danificado pelos bombardeios.

“Houve uma trégua, mas agora estamos em guerra de novo”, explicou esta mulher de 27 anos, que carregava no colo um dos seus filhos, de um ano e meio.

“Vejo como todos aqueles tanques e carros blindados russos estão a disparar. Estamos com medo” e “não temos para onde ir”, afirmou.

A Ucrânia acusa a Rússia de procurar um pretexto para invadir o território, enquanto Moscovo defende que “não ameaça ninguém” e denuncia as “provocações” ucranianas.

A guerra no leste da Ucrânia deixou mais de 13.000 mortos em 2014, cujo início coincidiu praticamente com a anexação russa da península da Crimeia.

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