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Cabo Delgado: Os desafios em Pemba e a ameaça de terroristas entre os deslocados

Plataforma com AFP

Em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, a população aumentou vertiginosamente devido aos deslocados do conflito no norte da província, que olham para a cidade portuária como um local seguro para recomeçar as suas vidas. Vários desafios logísticos esbarram com a falta de recursos para lidar com a situação, existindo também a ameaça de que, entre os deslocados, haja terroristas.

Nos últimos meses, barcos cheios de pessoas que abandonaram tudo têm chegado à baía de Pemba. Segundo o governo, o conflito em Cabo Delgado resultou, até agora, na morte de mais de 2.400 pessoas e no desalojamento de cerca de 560 mil.

Depois de ocuparam as zonas costeiras, que hospedam as instalações de gás natural, os insurgentes islâmicos avançaram para os distritos do interior da província de Cabo Delgado.

Como consequência, o número de deslocados continua a aumentar e, o principal destino destas pessoas tem sido Pemba. As autoridades locais estão agora a lutar para garantir os serviços básicos para quem fugiu da guerra, como confirmou o prefeito Florete Simba à agência de notícias AFP. De acordo com o mesmo, as grandes dificuldades passam pela “pressão sobre a água, centros de saúde, saneamento e mobilidade e planejamento territorial”.

No entanto, para além dos desafios de logística na operação, surge outra dificuldade, pois existe o risco de haver jihadistas entre os deslocados.

Quem chega a Pemba é alvo de rastreamento, para evitar comprometer o combate ao terrorismo, mas nem sempre isso se verifica. De acordo com um morador local que prestou declarações à AFP, quando os barcos chegam à praia “a polícia recebe dinheiro” e deixa-os passar. O residente insitiu que os terroristas “são gente como nós, por isso devem revistar todos os que entram”.

Há também quem diga não ter escolha senão acolher famílias inteiras que precisam do apoio, alegando que “como seres humanos, recebemos sem discriminação.”

Um dos exemplos é Suleimane Saide, que foi acolhido por uma família depois de fugir do conflito. Com 49 anos de idade, chegou há três meses a Pemba, onde agora trabalha como carpinteiro para alimentar a sua família. “Ainda não esqueci o que aconteceu. Não durmo. A minha cabeça dói. Acho que eles deviam parar com essa guerra. Atacaram a minha aldeia e levaram a minha filha. Vim para Pemba e fui recebido por uma família aqui”, disse à AFP.

Florete Simba confirmou situações de criminalidade, especialmente de furto em pequena escala, mas defendeu o trabalho realizado pelas autoridades locais e municipais em conluio com a polícia da República de Moçambique, para averiguar a situação de quem chega. “Criámos uma comissão de segurança, onde temos a nossa polícia municipal que, em coordenação com a polícia da República de Moçambique e as autoridades locais, rastreia todos os que chegam”, disse.

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