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Sonda Osiris-Rex contacta com asteróide Bennu em missão histórica

Filipa Caeiros Rodrigues

Sonda americana Osiris-Rex toca asteróide Bennu, por breves segundos, e faz História a 330 milhões de quilómetros de distância da Terra.

Mais de quatro anos depois do seu lançamento, a sonda americana da Nasa, Osiris-Rex conseguiu tocar brevemente o asteróide Bennu, nesta terça-feira, para tentar colher 60 gramas de amostras, numa operação de alta precisão desenvolvida a 330 milhões de quilómetros da Terra.

“Poiso confirmado”… “Amostragem concluída”, anunciou a agência espacial durante a transmissão ao vivo das operações, arrancando aplausos da equipa no final do procedimento.

“Foi tudo perfeito”, afirmou depois o chefe da missão, Dante Lauretta, emocionado. “Escrevemos uma página na História esta tarde”, acrescentou.

A nave, do tamanho de um caminhão, oscilava ao redor do asteróide desde o final de 2018 para preparar a operação, de alta complexidade, e realizada de forma autónoma por um robot, a partir de instruções enviadas por engenheiros da Nasa e da Lockheed Martin.

“Não podemos controlar a nave em tempo real”, explicou Kenneth Getzandanner, diretor de dinâmica de voo da missão. A esta distância, os sinais emitidos da Terra levam cerca de 18,5 minutos para viajar.

Além disso, “não é fácil navegar em torno de um corpo pequeno” esclareceu Heather Enos, principal pesquisadora-adjunta do projeto. Passou 12 anos na missão a preparar este momento, que se resumiu a menos de 16 segundos críticos de contato.

Logo após esguichar nitrogénio comprimido na superfície do Bennu, o braço mecânico da sonda recolheu as partículas com menos de dois centímetros de diâmetro levantadas pelo impulso.

Assim, a sonda irá enviar imagens e dados da operação na madrugada desta quarta-feira, numa primeira indicação para determinar se a nave alcançou o objetivo de recolher as amostras. A Nasa espera recolher pequena amostras, com as quais tentará decifrar os componentes originais do sistema solar.

Ensaio do evento de recolha de amostras da missão OSIRIS-REx. As imagens mostram o campo de visão da câmera, conforme a espaçonave da NASA se aproxima da superfície do asteróide Bennu (NASA/Goddard/Universidade do Arizona)

Rochas

O interesse em analisar a composição dos asteróides do sistema solar baseia-se no facto destes serem formados pelos mesmos materiais que formaram os planetas. É “quase uma pedra de Roseta. Algo que está lá fora. Que conta a história de toda a nossa Terra e do sistema solar nos últimos bilhões de anos”, comparou o cientista-chefe da Nasa, Thomas Zurbuchen.

Espera-se que, nos próximos dias, a sonda americana envie inúmeros dados e imagens que darão uma estimativa do resultado da amostragem. Existe a possibilidade do braço da Osiris-Rex não ter conseguido pousar numa superfície plana e aspirar a poeira. Em caso de insucesso, pode-se decidir por nova tentativa.

Será em março de 2021 que a Osiris-Rex iniciará a sua longa viagem de volta à Terra. As amostras estão previstas chegar ao planeta azul a 24 de setembro de 2023, com um desembarque planeado no deserto americano de Utah. Com o material, os laboratórios poderão analizar as suas características físicas e químicas, disse a diretora da divisão de ciências planetárias da Nasa, Lori Glaze.

Nem todas as amostras serão analisadas de imediato, tais como as trazidas da Lua pelos astronautas da Apollo. A Nasa ainda hoje estuda, 50 anos depois, os exemplares trazidos pelas missões lunares . Estas novas amostras “permitirão que futuros cientistas planetários façam perguntas sobre as quais não podemos sequer pensar hoje, usando técnicas de análise que ainda não foram inventadas”, afirmou Glaze.

Bennu não é um asteroide liso, coberto por uma “praia” inofensiva de areia fina, como os cientistas esperavam. No entanto, foi escolhido porque está convenientemente próximo e porque é antigo. A Nasa estima que se tenha formado nos primeiros 10 milhões de anos da história do sistema solar, 4,5 bilhões de anos atrás.

Depois da Osiris-Rex ter chegado à rocha no final de 2018, fotos mostraram que era coberta de seixos e pedras. Algumas com 30 metros de altura. Desde então, os cientistas mapearam o astro e calcularam o local de poiso menos arriscado, a Cratera Nightingale, com uma zona-alvo de apenas oito metros de diâmetro para aproximação.

No ano passado, o Japão conseguiu, com a sonda Hayabusa2, recolher poeiras do asteróide Ryugu. Regressa agora a casa, com chegada prevista para dezembro. 

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