O verão acabou, o outono está a chegar, os alunos voltam para a escola. Os que estudam no exterior, que acabaram de experimentar uma onda de “fuga” para voltar a Macau só há alguns meses, precisam agora de considerar outra questão – se devem ou não regressar às escolas de origem? Tiveram de se isolar por 14 dias (quarentena) antes de voltar a viver numa cidade tão segura como Macau e agora têm de voltar para aqueles lugares tão “perigosos”?
Mesmo que escolham voltar, não é uma tarefa fácil. Embora o Governo local tenha negociado ativamente com as companhias aéreas e chegado a um acordo para organizar voos charter específicos para isentar os estudantes que estudam no exterior do isolamento, as vagas ainda são muito limitadas e há apenas um ou dois voos por mês; Em segundo lugar, mesmo que consigam lugar, o preço de uma só viagem (ida) é três a quatro vezes superior ao preço normal. Tomando Portugal como exemplo, o mais provável é voar de Macau para Taiwan, seguido de Taipé-Paris e, finalmente, Lisboa.
E o que é que mais preocupante é que não se está a conseguir erradicar a epidemia e esta até tem vindo a alastrar. Com o advento de setembro, o hemisfério norte, onde habita cerca de 90 por cento da população do planeta, entrou no outono, seguindo-se o inverno, e os especialistas admitem a chegada de uma nova onda da epidemia. Desde o início deste mês, todos os países europeus registaram uma recuperação em forma de U nos casos confirmados. Tomemos Portugal como exemplo. Na semana passada registaram-se 4.085 novos casos confirmados e 29 mortes. A epidemia voltou aos valores de abril num curto espaço de tempo.
Se houver uma nova vaga, as universidades no exterior provavelmente serão fechadas novamente, ou todas as aulas serão alteradas para um regime online, como medida profilática. Então, não seria tudo em vão? De qualquer forma, muitos estudantes já decidiram voltar e outros permanecer vigilantes em Macau. Como numa bem conhecida citação de “Hamlet”, de Shakespeare, “ser ou não ser, eis a questão” nesta vaga chamada Covid-19, os estudantes que estudam no exterior são como a areia fina enrolada pelas ondas contínuas do mar. Quer seja depositada ou levantada pela água, a direção definitiva ainda é cheia de incógnitas.