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Agroecologia essencial para o desenvolvimento sustentável

Solange Safrão

A sustentabilidade no mundo atual é um conceito desejado. Governos e diferentes organizações têm elaborado estratégias para que o mundo em que vivemos se desenvolva de uma forma sustentável. Objetivo: garantir que toda população do planeta tenha boas condições de vida, mas sem comprometer o meio ambiente e as gerações futuras. 

O antigo diretor-geral da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, José Graziano da Silva alertou para a urgência na aplicação de “diferentes modelos destinados a combater a crescente fome e a obesidade de que o mundo sofre”.

“Não mudaremos os sistemas alimentares com tecnologia. Em lugar disso, precisamos de fazer mudanças nas leis e na área da investigação. A Revolução Verde foi capaz de prevenir a fome na década de 1970, mas atingiu os respetivos limites e é hora de implementar diferentes modelos para combater a crescente fome e a obesidade que o mundo sofre”, defendeu . 

Esta foi a mensagem deixada pelo especialista durante o Fórum Internacional de Territórios Relevantes para os Sistemas Alimentares Sustentáveis (FISAS), que decorreu em Idanha-a-Nova, a primeira Bio-Região portuguesa. 

Participaram no evento representantes de 15 países, provenientes de quatro continentes, com uma preocupação comum: “mudar comportamentos alimentares, formas de produção e hábitos de consumo que nos permitam chegar a um futuro equilibrado e sustentável”.

Além do antigo responsável da FAO, o fórum acolheu delegados de governos, do setor privado, da sociedade civil, do poder local e de universidades. O encontro contou igualmente com a presença de representantes oficiais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste particular, os responsáveis destacaram alguns avanços já obtidos no âmbito da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional lançada pela comunidade. 

Os especialistas debateram temas associados àquilo que classificaram como as epidemias da obesidade e da desnutrição. Ao longo do encontro, manifestaram igualmente preocupação com as mudanças de hábitos de produção e consumo de alimentos, saindo do encontro “um compromisso para a execução de políticas”, em cada território, destinadas a “impor uma alteração urgente” nestes domínios. 

Coerência, coordenação e alinhamento, abordagem territorial, participação social e governança e foco na agroecologia foram considerados eixos fundamentais na promoção de programas que visem sistemas alimentares territoriais sustentáveis e dietas saudáveis.

FAO na China

As iniciativas da FAO destinadas a mobilizar países e territórios para a urgência na aplicação de práticas de agricultura ecológica têm passado igualmente pela China.

“Estamos ansiosos por continuar a trabalhar com todas as partes interessadas para apoiar o desenvolvimento agroecológico, não só na China, mas também com outros países no âmbito da Cooperação Sul-Sul e Triangular e da Iniciativa Faixa e Estrada”, disse Vincent Martin, representante da FAO na China e na Coreia do Sul durante a 11.ª conferência da Agricultura Apoiada pela Comunidade Chinesa (CSA) em Zhaoqing, província de Cantão, uma iniciativa que antecedeu o encontro realizado em Portugal.

O responsável lembrou que a FAO está empenhada no desenvolvimento da agricultura verde e sustentável. 

Mais de 800 participantes partilharam durante este encontro opiniões sobre agroecologia e revitalização rural.

Para os especialistas, a agroecologia (estudo da agricultura numa vertente ecológica) é fundamental para transformar os sistemas alimentares e agrícolas. “As evidências científicas e experiências locais já demonstraram como a agroecologia facilita e contribui para a transição para sistemas alimentares e agrícolas que sejam ambientalmente sustentáveis, economicamente justos, viáveis e socialmente equitativos”, afirmam.

A conferência foi organizada pelo Centro de Desenvolvimento Rural da Universidade Renmin da China e pela China CSA Alliance, e contou com o suporte do Governo Popular do Distrito de Dinghu, de Zhaoqing.

As Nações Unidas têm fixada a meta de alcançar a segurança alimentar até 2030. Atingir esse objetivo é um grande desafio porque, de acordo com o relatório anual das Nações Unidas “O estado da segurança alimentar e nutricional no mundo” (SOFI 2019), o número de pessoas a passar fome aumentou nos últimos quatro anos (cerca de 820 milhões de pessoas passam fome no mundo).

O aparecimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) veio contribuir de forma efetiva para atrasar a chegada ao objetivo da segurança alimentar ao nível planetário, alertaram já os especialistas. 

O setor agrícola e o sistema alimentar global têm sofrido drasticamente desde que a pandemia paralisou as cadeias de abastecimento de alimentos. 

De acordo com a FAO, o desperdício dos alimentos também registou um agravamento. 

O encerramento generalizado de mercados agrícolas e de bancas de venda de frutas e legumes mais frequentes contribuíram decisivamente para um aumento do desperdício alimentar, reduzindo em muitos casos drasticamente a capacidade de agricultores na venda dos respetivos produtos, diminuindo em simultâneo a capacidade de os consumidores acederem a frutas e legumes frescos, assinala a organização.

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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