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“O povo de Cabinda sofre, está em luta, está em guerra”, diz general da FLEC-FAC

Arsénio Reis

Para o povo de Cabinda, a situação voltou a agravar-se. Afonso Zao, Tenente-General das FLEC-FAC, as forças que continuam a combater pela auto-determinação do povo de Cabinda, diz ao PLATAFORMA que “tem havido mais combates nos últimos dias”.

Contabiliza pelo menos “duas vítimas mortais entre os guerrilheiros das FLEC-FAC”, já quanto aos militares angolanos limita-se a dizer: “os corpos ficaram lá”.

Assumindo que está a falar a partir da “Zona Libertada” de Cabinda, Afonso Zao situa os combates numa “região muito próxima da fronteira com a RDC, a República Democrática do Congo”, acusando as forças armadas angolanas de estarem a violar essa fronteira “entrando em território congolês, na perseguição aos homens da FLEC”. Os meios de comunicação do lado da RDC dão eco destas incursões que estão a ser politicamente debatidas. O tema terá sido analisado numa das recentes reuniões do Conselho de Ministros, onde foi discutida uma dessas incursões feita pelo exército angolano, na região de Lukula. Nessa reunião ministerial, o governo da República Democrática do Congo decidiu denunciar essa violação a organizações sub-regionais (SADC), sem prejuízo das negociações com Angola sobre a questão.

Outra das preocupações principais do Tenente-General, Afonso Zao, prende-se com a situação dos refugiados. Socorrendo-se da informação que lhe estava a ser dada por um elemento acabado de chegar da cidade de Cabinda, Afonso Zao diz que “eles estão ao abandono, sem condições mínimas de subsistência não tendo sequer documentos”. O apoio – até agora prestado pelas Nações Unidas – não está a chegar e por isso é urgente tentar ajudar os mais de mil refugiados que enfrentam esta situação. “Estão sem alimentos, nem medicamentos, estão ao abandono”, sublinham os representantes da FLEC-FAC.

Para além da situação dos refugiados, a FLEC denuncia ainda aquilo a que chama “perseguição dos simpatizantes da causa de Cabinda”, que não são livres de expressar as suas opiniões. “No caso de serem funcionários públicos, eles são imediatamente exonerados”.

Em declarações recentes, o Governador da Província de Cabinda, Marcos Nhunga, disse que a “FLEC não constitui uma preocupação, acrescentando que “se tivessem realmente matado militares que mostrem, ou mandem fotos” a prová-lo. Como se diz na gíria “matar a cobra e mostrar o pau”. Nestas declarações à RFI, o Governador garante que “a FLEC não tem nenhuma ação evidente a nível da região de Cabinda. Isso é uma pura mentira. Fazem isto para aldrabar a comunidade internacional”.

A FLEC, fundada no início dos anos 60 e liderada durante anos por Nzita Tiago, o pai do atual presidente, Emmanuel Nzita, sempre lutou pela auto-determinação do Enclave de Cabinda, uma região rica em petróleo, que é administrada pelo governo angolano.

Leia o pedido de ajuda feito a Portugal por Afonso Zao

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