A Justiça francesa autorizou um investigador a consultar os arquivos do falecido Presidente François Mitterrand que abre novas leituras sobre o papel da França no genocídio.
A decisão põe termo a cinco anos de processo e é “uma boa nova”, disse o investigador François Graner, autor de vários livros sobre o papel da França no Ruanda.
O Conselho de Estado, a mais alta instância juridico-administrativa, em França, alegou que François Graner tem “ interesse legítimo de consultar os arquivos com o objectivo de enriquecer as suas investigações históricas e esclarecer o debate sobre uma questão de interesse público”, cita a revista Jeune Afrique.
Os referidos arquivos compreendem, nomeadamente, notas redigidas pelos conselheiros do então presidente e relatorios das reuniões do governo que estavam protegidas por um protocolo que só previa a sua abertura ao público dentro de 60 anos, depois da sua assinatura, isto é, em 2055.
Mas “a protecção dos secretos do Estado deve ser equilibrada com o interesse público sobre os referidos eventos históricos”, sublinhou o Conselho de Estado.
A partir do dia 6 de abril de 1994, e durante três meses, mais de 800 mil tutsis, hutus moderados e outros que se opuseram ao genocídio foram mortos. Em 22 de junho, a ONU autoriza a França a realizar uma operação militar humanitária, mas os assassinatos continuaram até que a Frente Patriótica Ruandesa tomou Kigali, colocando um fim ao massacre. A mesma Frente Patriótica Ruandesa sempre acusou a França de tentar salvar o regime e os autores do genocídio.
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