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A Princesa já não é do povo

Arsénio Reis*

A imagem pública era perfeita. Mulher, africana, bonita, com um sorriso – entre o atraente e o enigmático – que abria todas as portas. Para além disso parecia dotada de uma enorme capacidade de adivinhar bons negócios. Uma espécie de “Princesa Midas”, que descobria riqueza em tudo quanto tocava.

Durante anos, Isabel dos Santos foi certamente um dos motivos de orgulho do seu povo. Era invocada por muitos angolanos nas horas de maior desespero. Continha todos os ingredientes do que deveria ser o empresário com a dimensão de um país farto de valiosas matérias primas e múltiplas riquezas.

Só que a “Princesa de Angola” é agora acusada de se ter servido do povo. Um clássico, que não é exclusivo das monarquias, nem das repúblicas… o que a levou a uma fase de descrédito. Tanto os monarcas como os eleitos precisam de ser queridos pelo povo. E é bom que o povo tenha sempre razão.

A “Princesa do Povo” voltará ao seu país um dia, muito provavelmente depois de acertar as contas com o novo poder

Os olhos do povo angolano já não vêm da mesma forma a sua princesa e até ela já o percebeu. O seu regresso à pátria está comprometido e não acontecerá seguramente nos tempos mais próximos. Os seus amigos, mesmo os angolanos, terão certamente deixado de lhe ligar com tanta frequência e já não a convidam para voltar a olhar a Baia de Luanda, apesar dos imensos projetos que chegou a imaginar para a zona nobre da capital de Angola.

A “Princesa do Povo” voltará ao seu país um dia, muito provavelmente depois de acertar as contas com o novo poder. Um poder que ela acusa de ser injusto e ingrato. Só que quando Isabel dos Santos voltar a Angola…já não será princesa.

*Diretor do Plataforma

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