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Milhões a viajar no 1.º de Maio

César Avó

Um total de 4 mil locais turísticos estiveram abertos neste período, um número recorde desde o início da pandemia, com os mais populares a serem a Grande Muralha na secção Mutianyu, a 80 quilómetros de Pequim, e o parque florestal Taiping, no centro da China

Na China o feriado do 1.º de Maio não se esgota nas 24 horas. Em 2008 o governo encurtou o período de férias de sete para três dias e este ano voltou a estendê-lo, desta vez para cinco. Como é tradição, milhões de chineses aproveitaram para viajar, mas desta vez sem saírem do país.

Citado pelo The Guiardian, o Ministério dos Transportes chinês estimou que 117 milhões de chineses aproveitassem a pausa para viajar. Um número que, apesar da grandeza corresponde a menos de um décimo da população.

A agência turística online Trip.com avalia em 90 milhões o número de viagens internas nesta quadra, quando no ano passado [2019] foram 195 milhões.

“Este ano, o entusiasmo das pessoas pelas viagens foi inibido”, comentou um porta-voz da empresa ao jornal de Hong Kong South China Morning Post.

As autoridades anunciaram uma descida do nível de emergência na província de Hebei (cuja capital foi o epicentro do Covid-19, Wuhan) e nos municípios de Pequim e Tianjin, na véspera da data.

As medidas permitiram que dezenas de milhões de pessoas tivessem viajado sem terem de se submeter a 14 dias de quarentena domiciliária no regresso. As pessoas chegadas de zonas de chamado baixo risco também já não precisaram de completar duas semanas de isolamento em Pequim.

No entanto, como o levantamento dessas restrições ocorreu com poucas horas de antecedência e as viagens para o estrangeiro são desaconselhadas pelas autoridades e sujeitas a proibições em grande número de países, as viagens internas, em especial as viagens no interior de cada província foram a escolha preferida pela maioria dos turistas.

Segundo a Trip.com, Xangai, Guangzhou e Pequim foram os três principais destinos para os turistas.

Essa empresa destaca que mais de metade das reservas de hotéis foram feitas para unidades de quatro e cinco estrelas, refletindo a importância atribuída à higiene, segurança e espaços com menor ocupação.

Um total de 4 mil locais turísticos estiveram abertos neste período, um número recorde desde o início da pandemia, com os mais populares a serem a Grande Muralha na secção Mutianyu, a 80 quilómetros de Pequim, e o parque florestal Taiping, no centro da China.

Este é um momento de enorme importância para o início da recuperação económica do setor do turismo. A consultora Analysys estima que a indústria do turismo nacional da China tenha perdido uma média diária de 1,2 mil milhões de euros, segundo o South China Morning Post.

Também as companhias aéreas chinesas estimavam um regresso a uma maior atividade. O aumento das reservas para o período permitiu recuperar 40 por cento do tráfego, havendo inclusive novas rotas internas a ligar o novo aeroporto da capital chinesa ao resto do país.

Milhões no desemprego
Faz parte da política dos governos locais a introdução de incentivos para os cidadãos viajarem ou fazerem compras para relançar a economia, duramente atingida.

Segundo a The Economist, as despesas dos consumidores em atividades como restaurantes diminuíram 40 por cento e as estadas em hotéis estão a fixar-se num terço do normal. Pior, a paragem da economia levou a um aumento de falências e o consequente desemprego que, disse uma empresa de corretagem à revista, é três vezes superior aos dados oficiais, ou seja, cerca de 20 por cento.

Esses dados estão em linha com os que a UBS Securities divulgou. Cerca de 80 milhões de empregos podem ter desaparecido nos setores de serviços, indústria e construção desde a eclosão do coronavírus em Wuhan. Outros 10 milhões de postos de trabalho podem ter sido cortados devido à queda das exportações chinesas para os mercados da Europa e América do Norte. “O mercado de trabalho chinês provavelmente está sob a maior pressão desde o final dos anos 1990 ou início dos anos 2000”, analisa a UBS.

A China tem como espinha dorsal da economia cerca de 280 milhões de trabalhadores rurais e migrantes internos, uma mão-de-obra flexível e barata que é a mais vulnerável neste momento.

Segundo uma previsão da Economist Unit Intelligence, entre os que não perdem o emprego, até 250 milhões de trabalhadores deverão perder entre 10 por cento e 50 por cento do rendimento este ano.

* Notícia Editada
Versão integral em Diário de Notícias.

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