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Só mesmo um louco

Ao longo dos últimos anos parece haver sempre uma ameaça de guerra, e a verdade é que mais uma vez não parece estar longe. Além destes momentos em que há sinais de uma guerra iminente, temos também de nos manter atentos em alturas mais calmas, ou poderemos acabar como o sapo que foi cozido vivo. Também é preciso relembrar que a China tem uma das maiores forças militares do mundo.

A indústria militar chinesa tem evoluído, com a criação de uma série de novas tecnologias que nos dão esperança em relação ao futuro. Porém, na realidade, os esforços do Exército de Libertação Popular e das outras forças militares chinesas ainda estão a servir como “aulas de compensação”, e ainda é preciso algum tempo até atingir o nível de liderança mundial.

No entanto, o facto de haver ainda um longo caminho a percorrer não é sinal de fraqueza da China, ou que qualquer país se deve atrever a atacá-la. Isto não só pelo facto de a China ser um país grande, ou possuir uma das maiores forças militares do mundo. Deve-se a quê então? Vamos analisar os oponentes que rodeiam a China, começando pela Rússia. É um país que herdou uma grande força militar dos tempos da União Soviética e da participação na Guerra Fria. Todavia, que parte dessa força ainda é relevante atualmente? O poder militar da Rússia neste momento nunca ultrapassará o da China. O mesmo se aplica ao Japão e à Coreia do Sul. Embora possuam armas militares com uma tecnologia impressionante, sendo assim as maiores forças perto da China, na verdade tanto o exército coreano, que não possuiu comando militar em tempo de guerra, ou a Força de Autodefesa japonesa, que conta com uma série de bases americanas no seu solo, não representam a força dos dois países. São apenas uma presença militar americana na região Ásia Pacífico. Assim sendo, quase que não existem forças militares que possam representar uma ameaça para a China. Talvez o que esteja mais próximo de ser uma ameaça a nível marítimo seja o exército indiano. Porém, à medida que a Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota se desenvolve, esta irá trazer vantagens para países da Associação de Nações do Sudeste Asiático e para a Índia. Tendo isto em conta, e possuindo uma fraca força militar, porque haveriam outros países de querer entrar em conflito com a China? Ainda assim, o polícia do mundo – os Estados Unidos – que quer “reequilibrar a Ásia Pacífico”, e que procura que os seus amigos rodeiem a China, é diferente. Os EUA têm sem dúvida a força militar mais poderosa do mundo, e sendo este país o único capaz de enfrentar a China, estará ele verdadeiramente pronto para o fazer? Ou, por outras palavras, o que ganharia o país em entrar em guerra com a China? E o que teria a perder?

Na verdade, esta questão sobre quem venceria este conflito é uma forma de determinar o “ranking militar da China”, e é algo muitas vezes discutido. Partilhando o meu ponto de vista, avaliando o nível dos atuais equipamentos da força naval chinesa, qualquer guerra de pequena dimensão na zona circundante à China seria facilmente ganha. Na possibilidade de uma guerra mais alargada, para qualquer um dos partidos seria difícil de vencer, mas a verdadeira questão não é essa, mas sim o facto de uma guerra entre estes dois países ser extremamente difícil de controlar. No livro “Guerra sem limites” escrito por dois estrategas militares chineses, Qiang Liang e Wang Xiangsui, reconhecidos também nos EUA, é salientado que em caso de uma guerra com a China, se não for possível vencer o país, rapidamente o opositor irá sofrer perdas imensas. O poder militar da China ainda está longe de atingir o auge, mas mesmo assim só um louco irracional seria capaz de atacar o país. 

David Chan 27.09.2019

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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