Início Opinião Guerra e diálogo tornam-se rotina

Guerra e diálogo tornam-se rotina

Depois de dois meses de guerra comercial entre os EUA e a China, o lado americano voltou, recentemente a exigir reuniões com o lado chinês para discutir os atuais problemas económicos e comerciais entre os dois países. Porém, Trump está a assumir a atitude habitual, exercendo pressão sobre o outro antes do encontro entre os dois lados. No dia 18 de agosto, a agência de notícias Bloomberg noticiou que, numa reunião da Casa Branca, Donald Trump manteve um discurso rígido, afirmando que o Governo norte-americano não tem outra escolha em relação à questão do défice comercial com a China. Caso o lado chinês não apresente um acordo que os Estados Unidos possam aceitar, Washington não irá ceder. No mesmo dia, Larry Kudlow, Conselheiro do Presidente para a Política Económica e Diretor do Conselho Económico Nacional, voltou a apresentar um discurso severo em entrevista: “O Governo chinês não deve menosprezar a atitude agressiva que o Governo de Trump está a assumir, nem a determinação de Trump para continuar na batalha pela eliminação de tarifas, barreiras não pautais e quotas para pôr um ponto final ao roubo de propriedade intelectual e eliminar por completo a transferência forçada de tecnologia.”
Os diálogos comerciais entre os EUA e a China ainda não foram completamente finalizados, mas a atitude agressiva americana já está a dar razões para desilusão. Esta é a fórmula usada pelo Governo de Trump em contexto de negociações e está de acordo com o esperado pela China. Na semana anterior o Ministério do Comércio chinês chegou até a anunciar o seguinte: Depois de um convite por parte do lado americano, Wang Shouwen, vice-ministro do comércio chinês, irá liderar uma delegação numa visita aos Estados Unidos. Em relação aos problemas comerciais existentes entre os dois países, a China está disposta a dialogar, no entanto, não irá aceitar quaisquer medidas restritivas unilaterais, e procura uma comunicação com base na igualdade e integridade. Atualmente, nenhum país acredita nos EUA, especialmente devido a Trump e à grande incógnita que são as suas escolhas. Sendo assim, é importante definir bem alguns pontos antes de qualquer diálogo.
Antes do agravamento das tensões entre os dois países iniciado pelo lado norte-americano, a China e os EUA reuniram-se quatro vezes. Porém, devido à incapacidade americana de manter as promessas, nada resultou de tais discussões. No dia 3 de maio, os EUA enviaram uma delegação à China, da qual fazia parte Robert Mnuchin, Secretário do Tesouro Americano. Posteriormente, Liu He, primeiro-ministro chinês, liderou uma delegação aos EUA para uma segunda ronda de diálogos, e no dia 19 de maio ambos fizeram uma declaração conjunta em Washington. Nessa declaração, o lado norte-americano disse ter chegado a um acordo preliminar que iria pôr fim a esta guerra comercial. Todavia, Trump voltou atrás com a palavra e no dia 29 de maio os EUA anunciaram a imposição de uma tarifa de 25 por cento sob uma lista de produtos chineses no valor de 50 mil milhões de dólares. Mesmo assim, a China continuou aberta ao diálogo. No dia 2 de junho, representantes de ambos os lados discutiram a matéria e chegaram a um consenso, mas com o assalto de tarifas de Trump a China foi obrigada a responder. A China já tolerou até ao limite, procurando até ao último momento formas de resolver estas disputas comerciais. Porém, o conflito manteve-se devido à inconsistência de Trump. Atualmente, embora os EUA tenham mais uma vez feito um convite para uma nova sessão de diálogo, a China não deve levar esta proposta demasiado a sério. Na verdade, esta guerra comercial para os EUA é mais uma forma de restringir o crescimento chinês, e por isso discussões e diálogos como este irão ser apenas uma nova rotina.

DAVID Chan 24.08.2018

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