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Quem é responsável pelo declínio dos Estados Unidos?

O livro “Death by China” foi publicado em 2011, tendo sido adaptado em forma de documentário em 2012, mas as reações foram na altura reduzidas. Por que é então a sua tradução para chinês tão popular em 2017? E o que nos diz este documentário?

“Death by China” ataca a China de forma flagrante alegando que o país manipula a taxa de câmbio, é responsável pela poluição ambiental, tenta destruir a indústria siderúrgica dos Estados Unidos através de práticas de dumping e subsídios do Estado, fabrica produtos mortíferos como brinquedos ou leite em pó tóxicos, recolhe ilegalmente órgãos de prisioneiros no corredor da morte, usa prisioneiros como mão-de-obra e efetua ainda de forma aberta contrafação e apropriação de propriedade intelectual. E por que razão são lançadas estas acusações à China? Porque o país roubou trabalho aos Estados Unidos, causou o seu déficit comercial e tornou-se ainda no seu maior credor. Consequentemente, o recém-eleito presidente Donald Trump tem uma extrema admiração por este livro e documentário, chegando até a atribuir ao autor Peter Navarro um lugar na Casa Branca como diretor do Conselho Nacional do Comércio dos Estados Unidos, que como todos sabem é o cargo realmente responsável pela estratégia comercial do país.

Não é difícil de perceber que Trump retirou inspiração deste livro durante a sua campanha, tendo por isso dito que assim que fosse eleito presidente iria construir um muro na fronteira com o México para barrar emigrantes ilegais, declarar a China como uma manipuladora da taxa cambial, taxar pesadamente os produtos chineses e recuperar os postos de trabalho roubados pela China.

Naturalmente, o muro do México, a barreira aos emigrantes e refugiados de sete países do Médio Oriente, a “América primeiro” e o resgate da indústria em colapso e dos desempregados têm como base as ideias de Peter Navarro.

O clamor das críticas relativamente a este livro foi incessante. Alguns afirmaram que se trata de “um livro malicioso e anti-China”, outros apontaram que o livro está repleto de “linguagem provocadora”, “xenofobia”, “histeria” e “exageros”. É certo que os ataques do livro à China contêm em parte factos verdadeiros, mas a maioria é apenas uma tentativa de encontrar um bode expiatório para o declínio dos Estados Unidos. Por exemplo, se as fábricas norte-americanas forem transferidas para o estrangeiro, a culpa é da China? A crise financeira de Wall Street também é culpa da China? Os injustos ataques militares ao Iraque e ao Afeganistão terão também sido culpa da China? O declínio dos Estados Unidos, a recessão económica, os conflitos raciais, o aumento do desemprego, a desordem política e ainda os ataques terroristas não são da responsabilidade de mais ninguém senão dos Estados Unidos.

Trump já completou um mês na Casa Branca, e a sua atitude intransigente em relação à China está aparentemente em constante mudança. Com o seu caráter empresarial oportunista, perante um primeiro mês onde nada corre como ele deseja, Trump tenta ainda assim encontrar uma saída. Relativamente à China, depois da sua querida filha Ivanka e da sua neta, o Presidente escreveu uma carta desejando um feliz Ano Novo Chinês e falou ao telefone com Xi Jinping. Para além disso, o secretário de Estado Rex Tillerson, durante a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 em Bona, na Alemanha, encontrou-se pela primeira vez com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi. Contudo, estes são apenas passos preliminares no plano político e diplomático, sendo que no domínio comercial e financeiro o contacto ainda não foi formalmente iniciado. No entanto, olhando para as exportações de aço inoxidável da China para os Estados Unidos e as exportações de produtos agrícolas dos Estados Unidos para a China, as contramedidas da China parecem ter prevalecido, e Wang Yang, vice-primeiro-ministro chinês, já demonstrou a Peter Navarro que a “morte” da economia norte-americana não é culpa da China. 

DAVID Chan

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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