O tempo de espera para as consultas no hospital público de Macau tem de ser encurtado, disse o novo Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, na primeira visita àquela unidade de saúde depois de tomar posse. O governante apontou ainda que 80 a 90% das das opiniões que ouviu dos profissionais de saúde devem-se a “má gestão”, mas não se manifestou decidido a mudar a equipa dirigente.
Durante a visita ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, o novo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Alexis Tam falou com doentes e reuniu-se com pessoal técnico dos Serviços de Saúde, tendo ouvido que a “falta de técnicos, formação e as carreiras desatualizadas” são os principais problemas com que se depara o setor público de saúde.
Na conversa, que vincou ter de ser sincera e “sem medo de represálias”, Alexis Tam procurou dar algumas respostas, fez exigências e definiu alguns objetivos que os dirigentes terão de cumprir.
“Primeiro temos de melhorar o tempo de espera para ser observado pelo médico. Isso é essencial. Já falei com os Serviços de Saúde e não podemos deixar os nossos doentes esperar tanto tempo, nalguns casos até um ano. Isso para mim não pode ser. É demais”, afirmou.
Para combater este primeiro problema, Alexis Tam garante que vai autorizar a contratação de “529 técnicos” de saúde, entre médicos, enfermeiros e pessoal especializado, logo que o plano lhe seja apresentado.
Por outro lado, o governante salientou a necessidade do processo de recrutamento ser rápido, dado tratar-se de uma “questão urgente”, bem como se torna necessário rever as carreiras de médicos e enfermeiros, porque as existentes não são atrativas já nem para os médicos da China, explicou, ao recordar a saída de uma centena de profissionais em 2014.
Alexis Tam quer também gerir melhor o esforço e a distribuição dos doentes e, nesse sentido, quer disponibilizar uma aplicação para ‘smartphones’ que permita aos utentes saberem, a todo o momento, qual a unidade de saúde, incluindo privados e centros de saúde, com menor tempo de espera, canalizando os doentes para as unidades disponíveis em vez de os concentrar apenas no hospital central.
No capítulo da assistência, o Secretário defendeu o alargamento do horário dos centros de saúde, nalguns casos, como as zonas com maior densidade populacional, durante as 24 horas do dia.
Ouvindo várias vezes que alguns serviços são “zonas de tragédia” pelas diversas deficiências, que os médicos estão cansados e que há problemas até para se pagarem horas extraordinárias, Alexis Tam identificou 80 a 90% das queixas como “má gestão”, mas não se manifestou decidido a mudar a equipa dirigente.
“Nem todos são bons gestores, mas a nossa equipa tem bons gestores e podemos ajudar”, garantiu, ao vincar a sua determinação em mudar o panorama da saúde em Macau.
“Temos que mudar. Temos a vontade. Pelo menos eu tenho essa vontade de aperfeiçoar o sistema de saúde. Agora, falta a direção [dos Serviços de Saúde]. Eles têm que trabalhar”, avisou.
Sempre acompanhado pelo responsável dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, e pelo diretor do hospital, Chan Wai Sin, Alexis Tam lembrou ainda que a confortável situação financeira de Macau obriga a fazer melhor, até porque a população não entende a razão de tal não acontecer.
O Secretário acrescentou ainda que a existência de falhas não se estende a todos os serviços ou especialidades, sublinhou que há áreas com excelente prestação de serviços, mas que é preciso melhorar e elevar o setor aos padrões internacionais, um objetivo que, disse, acredita ser possível concretizar.