O abrandamento da economia chinesa afetará Angola, mas não Moçambique, prevê a Moody’s. A diferença deve-se aos destinos das respetivas exportações.
A agência de notação financeira Moody’s considerou esta semana que Angola é um dos países da África subsariana mais vulnerável ao abrandamento da economia da China, enquanto Moçambique é um dos que consegue escapar a estas consequências negativas.
De acordo com o relatório ‘Global Sovereigns 2015’, enviado aos investidores, a Moody’s considera que os países africanos exportadores de recursos, como Angola, “são os mais vulneráveis a um abrandamento maior que o estimado na procura da China ou a uma maior deterioração nos preços das matérias-primas, por causa das suas significativas ligações comerciais à China”.
Para além disto, o ‘Global Sovereigns 2015’ nota ainda que “uma deterioração do clima económico na China que impeça a sua capacidade de continuar a investir no estrangeiro seria transmitido aos países em que a China é um forte parceiro em termos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE), como a Zâmbia, Nigéria, Angola e África do Sul”.
Ao contrário de Angola, Moçambique não está tão exposta à economia chinesa, afirma a Moody’s, explicando que é para a Europa que vai a maioria das exportações deste país lusófono, entre 50 a 70% do total das vendas para o estrangeiro.
“Para a África subsariana, os riscos emergem devido à ligação à economia chinesa; a análise mostra que os países com mais integração comercial regional têm menos risco do que aqueles que dependem fortemente das exportações de matérias-primas”, comentou o vice-presidente e responsável no departamento de crédito na Moody’s, Matt Robinson.
O responsável sublinha, aliás, que “a importância da China para a África subsariana como destino das exportações subiu ao ponto de estar quase ao mesmo nível dos tradicionais parceiros europeus, refletindo uma integração maior e uma quase duplicação da percentagem de África subsariana no comércio global, na última década”.
No relatório sobre a evolução da economia dos países a nível soberano, a Moody’s afirma esperar que a China cresça entre 6,5 a 7,5%, considerando que o problema não está no valor do crescimento, mas sim nos riscos que surgem “nas bem documentadas fragilidades no setor imobiliário, em determinados setores da banca e na administração local, e de forma mais potente nas interligações entre eles”.
Um abrandamento, concluem, teria implicações que vão muito além dos problemas nacionais, extravasando fronteiras e afetando os países com quem a China tem fortes ligações comerciais.