Estudantes desistiram de ação junto da cimeira da APEC, quando aumenta a contestação popular à sua ocupação das ruas de Hong Kong.
Os líderes estudantis do movimento pró-democracia em Hong Kong não vão enviar representantes a Pequim, este fim-de-semana, para apelar diretamente ao Governo Central.
A possibilidade foi descartada por Yvonne Leung, de 21 anos, durante uma conversa sobre o movimento na Universidade de Hong Kong, apesar de a líder estudantil não ter colocado de parte de a possibilidade de a viagem vir a ocorrer no futuro.Alex Chow, secretário da Federação de Estudantes, uma das organizações que promove os protestos, tinha aventado a possibilidade de os estudantes irem a Pequim durante a cimeira da APEC (Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico) que se realiza na próxima semana, em Pequim, na qual vão participar diversos líderes mundiais.
Há mais de um mês que os manifestantes, na sua maioria estudantes, ocupam as ruas da cidade, exigindo que Pequim recue na sua decisão, tomada no final de agosto, a qual prescreve que o chefe do Executivo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal, mas só depois daquilo a que a ala democrata designa de “triagem”.
Isto porque, ao abrigo da proposta de Pequim, os aspirantes ao cargo precisam de granjear o apoio prévio de mais de metade dos membros de um comité eleitoral, para poderem concorrer à próxima eleição, em que apenas dois ou três candidatos vão ser propostos.
ASSINATURAS CONTRA A OCUPAÇÃO DE CENTRAL
A Aliança para a Paz e Democracia, que está contra o movimento pró-democracia iniciado em setembro, apresentou mais de 1,8 milhões de assinaturas que recolheu numa petição contra a campanha de desobediência civil em Hong Kong. O porta-voz da Aliança, Robert Chow, disse que o grupo vai tentar marcar reuniões com deputados e líderes dos estudantes, para tentar encontrar uma solução para o impasse político, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Robert Chow defendeu que a Aliança para a Paz e Democracia quer ouvir a reação dos líderes dos protestos, no que descreveu como um aumento da oposição às manifestações e bloqueios das ruas. O mesmo responsável disse que os líderes dos protestos deveriam indicar como planeiam restabelecer a paz e a ordem em Hong Kong.
A campanha de recolha de assinaturas para pedir o fim da ocupação das ruas teve início a 25 de outubro.
Em linha com a Aliança para a Paz e Democracia, Pan Pey-chyou, um dos vice-presidentes da Hong Kong Federation of Trade Unions (HKFTU), conotada como sendo pró-Pequim, defendeu, em declarações à RTHK, que era boa ideia estabelecer reuniões presenciais entre os manifestantes pró-democracia que ocupam algumas das artérias principais da cidade e os mais afetados por estas ações.
Pan Pey-chyou falava à RTHK um dia depois de cerca de 3.000 trabalhadores terem participado numa manifestação promovida pela FTU para expressar o seu descontentamento em relação ao movimento de desobediência civil pela “verdadeira” democracia.