Após três anos de pandemia, celebrámos o 25º aniversário da criação da RAEM. Graças aos esforços do Governo, as indústrias do turismo e do jogo recuperaram rapidamente, especialmente no que toca ao número de partidas e de chegadas, que este ano ultrapassou os 200 milhões – recorde absoluto. O número de turistas aumentou cerca de 25 por cento, atingindo quase 90 por cento dos níveis de 2019. Entretanto, também o desenvolvimento integrado de Macau e de Hengqin atingiu novo patamar. Contudo, e apesar destas novas oportunidades, a sombra da pandemia ainda persiste, projetando vários problemas e riscos. Entre eles, a questão mais sensível é a do ritmo desigual da recuperação económica, com forte centralização nas principais indústrias, em prejuízo da economia comunitária.
De acordo com as estatísticas da Autoridade Monetária e Cambial de Macau, a partir de Outubro o rácio de crédito malparado subiu para o máximo histórico de 5,4 por cento, envolvendo mais de 54 mil milhões de patacas. Recorde-se que, em 2019, o rácio de crédito malparado foi de apenas 0,3 por cento. Outros dados mostram que a taxa de incumprimento dos empréstimos às PME aumentou exponencialmente desde o segundo semestre de 2022. Começou nos 0,7 por cento e, no primeiro semestre deste ano, atingiu 5,7 por cento. Neste caso, o montante em causa é de quase 4,6 mil milhões, o mais elevado desde 2008. Já o crédito recentemente aprovado atingiu os valores mais baixos desde 2008 – mesma data de referência.
As circunstâncias económicas negativas levaram à degradação dos níveis de consumo, com consequências diretas para a fraca economia comunitária, e reflexos negativos nas famílias e grupos mais vulneráveis da população. Por isso apelo ao novo Governo que assuma como prioridade a estabilização da economia e do emprego; e a mitigação da recuperação económica desigual. Nesse contexto, sugiro duas estratégias: entre os “assuntos urgentes”, deve fazer bom uso das terras revertidas e atualmente não utilizadas. Por um lado, o novo Governo deve atrair investimento e capital, contribuindo para o surgimento de novas indústrias, em diversos setores; criando também assim mais emprego. Por outro, deve gradualmente libertar verbas para apoio à população, melhorando a eficiência das operações sociais e respondendo às necessidades dos residentes.
Relativamente ao “progresso gradual”, as Obras Públicas devem ser realizadas de forma científica e ordenada, e o desenvolvimento deve prosseguir, passo a passo, expandindo a cidade. Simultaneamente, os recursos devem ser priorizados para a subsistência e o bem-estar das pessoas, incluindo a expansão de várias medidas de apoio económico: reforço dos sistemas de proteção de reforma; aumento do rendimento das camadas e grupos mais desfavorecidos; e redução o fardo para as famílias, estimulando-se verdadeiramente o consumo e melhorando o rendimento dos residentes, de forma a compensar a pressão provocada pela inflação.
Aliança de Sustento e Economia de Macau