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Costa considera essencial derrota militar da Rússia e reforço da autonomia europeia

O ex-primeiro-ministro António Costa considerou ontem essencial para o futuro da União Europeia a derrota militar da Rússia na Ucrânia e um reforço da autonomia estratégia da Europa, mas sem recurso a políticas protecionistas.

Estas posições foram defendidas por António Costa na apresentação do livro de Bernardo Pires de Lima, investigador e consultor da Casa Civil do Presidente da República, intitulado “O ano zero da nova Europa”, durante uma sessão que se realizou no Centro Cultural de Belém.

Com o Presidente da República sentado na primeira fila da plateia, o ex-líder do executivo e do PS aproveitou uma passagem do livro de Bernardo Pires de Lima, para, com humor, voltar a referir ao “otimismo irritante” que lhe foi apontado por Marcelo Rebelo de Sousa logo em 2016, durante o seu primeiro de três governos socialistas.

“Fiquei particularmente satisfeito por verificar que o autor defende que o otimismo da vontade se deve sobrepor ao pessimismo da razão”, comentou António Costa.

Na sua intervenção, o ex-primeiro-ministro sustentou como tese central a ideia de que a invasão militar russa da Ucrânia coloca uma questão sobre os termos da segurança futura da Europa. “A derrota da Rússia é difícil, mas é essencial”, advogou, antes de se referir à “tripla missão da União Europeia” perante este desafio.

António Costa apontou então que a União Europeia, para além das suas políticas tradicionais, tem de mobilizar recursos para uma política de defesa comum. E que o novo alargamento da União Europeia se fará desta vez, não por razões de consolidação de processos de transição democrática, como aconteceu até agora, mas por razões de proteção face à ameaça da Rússia.

Este novo alargamento, assinalou ainda o ex-primeiro-ministro, vai deslocar para leste o centro de gravidade da União Europeia, ganhando maior relevância o eixo Varsóvia/Kiev, e a Ucrânia será o quinto pais da União Europeia em população e o mais extenso em área territorial.

O ex-primeiro-ministro sustentou como tese central a ideia de que a invasão militar russa da Ucrânia coloca uma questão sobre os termos da segurança futura da Europa.

Ainda de acordo com a perspetiva do anterior líder do executivo, a União Europeia terá de redefinir as suas relações com os Estados Unidos, advertindo neste ponto para eventuais efeitos negativos que poderão resultar das eleições presidenciais norte-americanas de novembro próximo, e contrariar uma aproximação entre a China e a Rússia no plano político.

António Costa deixou ainda outra advertência: Os Estados-membros terão de olhar com outra atenção para o artigo do Tratado da União Europeia referente à obrigação de auxílio se um dos países deste bloco europeu for alvo de uma agressão externa. Ou seja, os Estados-membros da União Europeia terão de olhar para este artigo tal como os Estados-membros da NATO têm encarado o artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte.

Na sua intervenção, o ex-primeiro-ministro considerou ainda fundamental que a União Europeia reforce a sua autonomia estratégica ao nível global, falando aqui nos perigos de disrupção existentes em cadeias de abastecimento excessivamente longas. Como exemplo, apontou o que aconteceu com a crise de abastecimento de produtos essenciais nos anos da pandemia da covid-19.

Costa apontou que a União Europeia, para além das suas políticas tradicionais, tem de mobilizar recursos para uma política de defesa comum

Essa autonomia estratégica da União Europeia, na perspetiva de António Costa, deve basear-se numa aposta ao nível das infraestruturas e na reindustrialização, mas sem qualquer recurso ao protecionismo económico.

E apresentou uma razão base para evitar o protecionismo: “A União Europeia só tem 5 por cento das matérias-primas, mas consome 20 por cento das matérias-primas mundiais”, concluiu, com ex-ministros do seu Governo, como Fernando Medina e Duarte Cordeiro, a ouvirem-no.

Plataforma com Lusa

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