Ninguém esperava que o lançamento, quase incógnito, de um sistema para a transposição do Rio São Francisco entre os estados do Pernambuco e do Ceará ganhasse as manchetes da política partidária do Brasil. Mas ganhou: na fotografia do evento, entre dois ministros de Lula da Silva, um deputado meio desconhecido aparece a fazer o L, com o polegar e o indicador, gesto tradicional dos apoiantes do presidente. Sucede que esse deputado, Yury do Paredão, era do Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, e acabou expulso na passada sexta-feira, 21.
O caso de Paredão é apenas sintoma de um movimento mais amplo de adesão de bolsonaristas, sejam agentes políticos, religiosos e económicos ou meros eleitores anónimos, a Lula – os, portanto, “bolsolulistas”.
Na política, o mais comum são os casamentos por conveniência – ao governo interessa atrair parlamentares ex-bolsonaristas para ampliar o apoio no legislativo e a alguns desses ex-bolsonaristas convém ficar, estrategicamente, perto do poder – mas, noutras áreas, a perceção dos analistas é que o desempenho de Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), na economia, com inflação em queda e benefícios sociais em alta, contribui.
E os casos de polícia envolvendo Bolsonaro e a decisão do tribunal eleitoral de o considerar inelegível também concorrem, segundo os observadores, para a mudança de opinião entre os (menos radicais) eleitores do ex-presidente.
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