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Rússia quer reforçar relações com Cabo Verde

O novo embaixador russo em Cabo Verde, Yury Materiy, transmitiu hoje a vontade da Rússia de reforçar as relações com o arquipélago, na formação de quadros ou fornecimento de grãos, apesar da condenação cabo-verdiana à invasão da Ucrânia.

Yury Materiy apresentou hoje no Mindelo, ilha de São Vicente, as cartas credenciais como novo embaixador da Rússia ao Presidente da República, José Maria Neves, terminando um processo com cerca de dois anos, depois de as autoridades cabo-verdianas terem rejeitado o nome proposto anteriormente, Natalia Poklonskaïa, visada por sanções internacionais.

“Eu transmiti [ao Presidente cabo-verdiano] que o principal objetivo da minha missão aqui é intensificar as relações entre a Rússia e Cabo Verde, especialmente na esfera económica e das trocas comerciais, mas também nas pescas, turismo, fornecimento de energia e de grãos”, disse o diplomata, em declarações aos jornalistas após a cerimónia.

“Também referi que uma das principais áreas de cooperação que o Governo da Rússia presta grande atenção é a educação. Estamos a dar formação a Cabo Verde, assegurando bolsas de estudo”, explicou.

Yury Materiy adiantou que a Rússia pretende selecionar, este ano, mais 14 estudantes para estudarem naquele país “sem custos”.

“Atualmente, mais de 40 estudantes estão a formar-se nas universidades russas e a Rússia está a honrar os seus compromissos, pagando bolsas de estudo e garantindo a alojamento”, apontou ainda.

Apesar das várias condenações do Governo e do Presidente de Cabo Verde, públicas e em resoluções internacionais, à invasão da Ucrânia pela Rússia, o novo embaixador espera o reforço das relações.

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“Esperamos desenvolver as relações bilaterais em todos os campos possíveis. Penso que o povo vai perceber as razões que levaram o Governo da Rússia a iniciar esta operação militar especial, porque havia o risco de destruição, de eliminação do povo russo no leste da Ucrânia”, disse igualmente.

De acordo com informação anterior da Embaixada da Rússia na Praia, Yury Materiy foi nomeado em 08 de setembro passado para o cargo. Nasceu em 1953 e em 1975 formou-se no MGIMO – Instituto Estatal das Relações Internacionais de Moscovo do Ministério dos Negócios Estrangeiros da então URSS.

Iniciou a carreira diplomática em 1975, trabalhou nos consulados-gerais da Rússia em Carachi, Paquistão (1975-1979), em Chatigão, Bangladesh (1983-1984), na Embaixada na Índia (1990-1994). Foi ainda cônsul-geral da Rússia em Carachi, Paquistão, de 1999 a 2002, e em Da Nang, Vietname, de 2007 a 2012.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou em 27 de janeiro de 2022 um entendimento com a Rússia, que deixou cair o pedido de aceitação da ex-procuradora geral na Crimeia, Natália Poklonskaïa, para embaixadora russa na Praia.

“O processo está encerrado, do ponto de vista de Cabo Verde e da Rússia, relativamente à indicação da embaixadora que estava prevista inicialmente”, disse Ulisses Correia e Silva.

Natalia Poklonskaïa, 41 anos, tornou-se em 2014 – após a anexação do território da Crimeia, em março – uma das novas caras da governação de Vladimir Putin na Rússia, ocupando o cargo de procuradora-geral da Crimeia antes de ser eleita deputada em 2016 pelo partido no poder, o Rússia Unida.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já tinha avançado em dezembro de 2021 que Cabo Verde e a Rússia ainda estavam a analisar a melhor forma de resolver a polémica à volta do pedido para que Natália Poklonskaïa ocupasse o cargo de embaixadora na capital cabo-verdiana, conforme indigitação feita pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

A imprensa internacional noticiou em 2021 que Natalia Poklonskaïa está sob sanções da Ucrânia, União Europeia, Estados Unidos da América, Canadá e Japão, entre outras acusações pendentes, devido à intervenção no processo de anexação da Crimeia pela Rússia.

Na mesma altura, a imprensa internacional noticiou que além do pedido de agrément para a indigitação de Natalia Poklonskaïa, o Governo russo pretendia que a nova embaixadora circulasse em Cabo Verde com pessoal de segurança armado.

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