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Centenas de aposentados manifestam-se na China contra cortes nas despesas com saúde

Lusa

Várias centenas de aposentados protestaram hoje na cidade de Wuhan, no centro da China, segundo testemunhas e imagens difundidas nas redes sociais, na sequência de alterações feitas no sistema público de seguro de saúde do país.

Os protestos são raros na China, onde as autoridades beneficiam de amplos poderes e um quadro legislativo que pune manifestantes por acusações vagas como “subversão” ou “causar distúrbios”.

No entanto, expressões de raiva pública surgem por vezes, incluindo os protestos do ano passado contra a política de ‘zero casos’ de covid-19, que foi, entretanto, desmantelada.

Na quarta-feira, uma multidão de manifestantes reuniu-se em frente ao Parque Zhongshan, em Wuhan, no segundo encontro deste tipo no espaço de uma semana.

Um vídeo difundido nas redes sociais mostrou seguranças na entrada do popular ponto turístico a formar uma corrente humana para impedir a entrada de mais manifestantes.

Quatro testemunhas confirmaram à agência France Presse que a manifestação ocorreu. A AFP conseguiu geolocalizar imagens ‘online’ para as áreas ao redor do parque.

As reformas no vasto sistema público de seguro de saúde da China reduziram o valor dos subsídios pagos mensalmente aos aposentados, a partir de 1º de fevereiro.

As mudanças levaram a uma manifestação separada de centenas de aposentados em frente à câmara municipal de Wuhan, na quarta-feira passada.

Fotos partilhadas nas redes sociais parecem mostrar as autoridades locais a reunir com alguns dos manifestantes.

As reformas do seguro, introduzidas gradualmente desde 2021, ocorrem num momento em que as finanças dos governos locais estão sobrecarregadas, após quase três anos da política de ‘zero casos’ de covid-19, que incluiu a realização de testes de ácido nucleico em massa, com frequência quase diária.

Os protestos em Wuhan – uma cidade de 11 milhões de pessoas onde o coronavírus surgiu pela primeira vez no final de 2019 – foram exacerbados pelo facto de os funcionários públicos e governamentais não terem sido afetados pelas reformas.

“Funcionários públicos e funcionários de instituições públicas ainda têm direito a seguro de assistência médica subsidiado, para além do esquema de seguro de saúde oferecido pelo empregador”, disse a empresa de consultadoria de risco político SinoInsider, numa nota.

“Os altos quadros e aposentados do PCC (Partido Comunista Chinês) há muito tempo têm acesso a tratamentos médicos generosos com despesas públicas e sem terem que pagar pelo seguro básico de saúde”, acrescentou.

Os governos locais poderiam “atender às exigências dos manifestantes antecipadamente”, em vez de se envolverem numa disputa prolongada, acrescentou a empresa.

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