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Timor-Leste pode ter chuvas acima da média devido a terceiro ano consecutivo de La Niña

Timor-Leste poderá sentir no último trimestre do ano os efeitos da La Niña, um evento climatérico que aponta o risco de chuvas mais intensas do que o normal na região, segundo previsões de meteorologistas internacionais.

Analistas do Bureau de Meteorologia australiano (BOM) confirmaram hoje que o evento está em curso no Oceano Pacífico, pelo terceiro ano consecutivo, afetando os padrões climatéricos particularmente no último trimestre, mas ainda nos primeiros dois meses do próximo ano.

O alerta do BOM ecoa avisos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que nota que o La Niña se deverá prolongar pelo menos até final do ano, tendo uma fonte oficial confirmado à Lusa que “se prevê chuva acima da média para Timor-Leste, como é típico de eventos La Niña”.

A OMM nota que esta será a primeira vez no último século que o efeito La Niña se faz sentir em três anos consecutivos, antecipando que no cenário mais amplo o impacto se pode fazer sentir durante os próximos seis meses.

Andrew Watkins, responsável de previsões a longo prazo do BOM, disse que as perspetivas climatéricas “mostram uma alta probabilidade de precipitação acima da média”, incluindo na região de Timor-Leste.

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“Durante os eventos de La Niña, as águas do Oceano Pacífico tropical oriental são mais frias do que o normal, e as águas do Oceano Pacífico tropical ocidental são mais quentes do que o normal”, explicou.

“Isto causa mudanças nos padrões de vento, nuvens e pressão sobre o Pacífico. Quando esta mudança na atmosfera se conjuga com as mudanças na temperatura do oceano, pode influenciar os padrões climáticos globais e o clima, incluindo o aumento da precipitação”, notou.

Apesar da previsão, Watkins nota que a maioria dos modelos aponta a que o evento possa ser “fraco a moderado”.

O La Niña é um fenómeno climático relacionado com as variações das temperaturas na banda equatorial do Oceano Pacífico.

Paralelamente ao efeito La Niña está em curso um segundo fenómeno, conhecido como Dípolo do Oceano Indico (IOD, na sigla em inglês), evento que consiste numa oscilação não periódica das temperaturas da superfície do mar entre fases chamadas positivas (quando o lado oeste do Índico apresenta maiores temperaturas) e negativas (lado leste apresentando menores temperaturas).

Peterri Taalas, secretário-geral da OMM, disse recentemente que os eventos climatéricos como o La Niña ocorrem agora num contexto de alterações climáticas criadas pela humanidade, que estão a aumentar as temperaturas globais, a exacerbar o clima e o clima extremos e a impactar os padrões de chuva e temperatura sazonais.

“É excecional ter três anos consecutivos com um evento la Niña. A sua influência de arrefecimento está a atrasar temporariamente o aumento das temperaturas globais – mas não vai parar ou inverter a tendência de aquecimento a longo prazo”, explicou.

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“O agravamento da seca no Corno de África e no sul da América do Sul tem as marcas de La Niña, assim como a precipitação acima da média no Sudeste Asiático e na Australásia. A nova atualização La Niña confirma, infelizmente, as projeções regionais sobre o clima de que a seca devastadora no Corno de África vai piorar e afetar milhões de pessoas”, explicou.

Timor-Leste sofreu em dois anos consecutivos, 2020 e 2021, cheias significativas, com destaque para as de abril do ano passado, em que morreram mais de 40 pessoas e dezenas de milhares ficaram desalojadas.

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