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Nicarágua abandona Organização dos Estados Americanos

Lusa

O governo da Nicarágua anunciou no domingo que irá abandonar a Organização dos Estados Americanos (OEA) de forma imediata, expulsar os funcionários e encerrar os escritórios da organização no país

“A partir deste dia, estamos a abandonar todos os mecanismos enganosos desse monstro, sejam eles a comissão permanente, comissões, reuniões, e a Cúpula das Américas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nicarágua, Denis Moncada.

Num comunicado, o diplomata acusou a OEA, com sede em Washington, de ser um “instrumento diabólico” de “intervenção e dominação” do Departamento de Estado “do imperialismo norte-americano”.

“Este infame organismo não terá mais escritórios no nosso país. A sua sede local foi encerrada”, acrescentou Moncada.

O Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, destituiu em março o ex-jornalista Arturo McFields como embaixador do país na OEA, um dia depois do diplomata ter denunciado uma “ditadura” no seu país.

Arturo McFields disse durante uma reunião ‘online’ da OEA que falava em nome de “mais de 177 prisioneiros políticos e mais de 350 pessoas que perderam as suas vidas no país desde 2018”.

Ao mesmo tempo, admitiu ter medo de falar contra o governo de Ortega, mas que “tinha de falar” mesmo que o seu futuro e o da sua família “seja agora incerto”.

“Denunciar a ditadura do meu país não é fácil, mas manter o silêncio e defender o indefensável é impossível”, apontou McFields.

A Assembleia Geral da OEA votou para condenar as eleições de 07 de novembro que deram a Ortega um quarto mandato consecutivo, dizendo que elas “não foram livres, justas ou transparentes e carecem de legitimidade democrática”.

O governo da Nicarágua já tinha expulsado em março um dos responsáveis da missão do Comité Internacional da Cruz Vermelha no país, Thomas Ess, que tinha criado um escritório para monitorizar “presos políticos”.

O número de opositores nicaraguenses detidos, principalmente desde a crise de 2018, aumentou para 181 até março, revela um relatório de uma organização não-governamental (ONG) divulgado a 05 de abril pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Os “presos políticos” são opositores, críticos de Ortega ou profissionais independentes, normalmente acusados de terrorismo, crimes económicos ou traição ao país, incluindo sete políticos que tinham demonstrado interesse em disputar as eleições com Ortega.

A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, que se acentuou após as polémicas eleições nas quais Ortega foi reeleito para o seu quinto mandato – quarto consecutivo e segundo juntamente com a esposa, Rosario Murilo – como vice-presidente, e os seus principais opositores na prisão.

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