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Justiça britânica nega imunidade a Juan Carlos em processo de ex-amante

A Justiça britânica rejeitou, nesta quinta-feira (24), o pedido de imunidade apresentado pelo rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, no âmbito de uma ação de assédio movida por sua ex-amante Corinna zu Sayn-Wittgenstein, na Alta Corte de Londres.

“A ação da demandante se baseia em conduta de assédio por parte do demandado”, e “tais atos não entram na esfera da atividade governamental, ou soberana”, afirmou o juiz Matthew Nicklin, ao explicar o motivo pelo qual “o pedido de imunidade foi rejeitado”.

“Os atos de vigilância alegados pela demandante foram realizados por agentes do Centro Nacional de Inteligência (CNI), poderiam gozar de imunidade estatal, mas o Estado espanhol não reivindicou esta imunidade e não está claro qual papel preciso os agentes da CNI desempenharam nos supostos atos de assédio”, especificou a sentença.

Com isso, Corinna zu Sayn-Wittgenstein leve sua ação civil adiante contra o pai do atual rei Felipe VI, em Londres, onde ela tem duas residências.

“A sentença de hoje demonstra que o réu não pode se esconder atrás de nenhuma posição, poder, ou privilégio, para evitar este caso”, celebrou o advogado da demandante, Robin Rathmell.

“Este é o primeiro passo no caminho para a justiça. Os fatos absurdos deste caso serão finalmente levados a um tribunal”, acrescentou.

Em dezembro, a defesa de Juan Carlos de Borbón alegou, à Justiça da Inglaterra, que seu cliente tinha imunidade na qualidade de “membro da família real espanhola”. Seu advogado, Daniel Bethlehem, argumentou que, sob a Lei britânica de Imunidade do Estado de 1978, o rei emérito não poderia ser julgado em tribunais britânicos e que qualquer acusação contra ele deveria ser apresentada aos tribunais espanhóis.

A dinamarquesa, de 58 anos, que diz ter sido amante do então monarca entre 2004 e 2009, afirmou que, após seu rompimento, foi espionada e assediada por ordem do ex-chefe de Estado, de 84. Juan Carlos abdicou do trono em 2014, em favor de seu filho Felipe VI, como resultado de uma série de escândalos.

Em documentos judiciais, Corinna explicou ter mantido uma estreita amizade com o ex-monarca durante um tempo após a separação, quando este deu a ela “obras de arte, joias e presentes financeiros”, incluindo pagamentos no valor de cerca de 65 milhões de euros (US$ 73 milhões), em junho de 2012.

Ela acrescenta que Juan Carlos tentou retomar o relacionamento e, quando ela rejeitou-o, o ex-soberano assumiu um “padrão de comportamento equivalente ao assédio”.

“Exigiu a devolução dos presentes, foi ameaçador e, posteriormente, fez, ou organizou, uma série de atos de vigilância encoberta e aberta, causando angústia e ansiedade” à ex-amante, de acordo com o processo.

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