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“Altura ideal” para explorar livestreaming

Dinis Chan

A pandemia de Covid-19, que surgiu no final de 2019, não ameaçou apenas a saúde pública. As atividades económicas e comerciais também sofreram as consequências e foram forçadas a explorar novas oportunidades, mais adaptadas ao contexto pandémico. Macau não ficou imune ao fenómeno: o comércio, turismo e exposições foram setores afetados pela grande queda de turistas na cidade, impacto que ainda hoje se mantém. Com os limites impostos à entrada de turistas, as indústrias do Território vivem dias cinzentos, mas as transmissões online em direto (livestream) tiveram um crescimento drástico. Muitos seguem esta tendência e exploram as oportunidades que estas novas plataformas proporcionam. Em declarações ao PLATAFORMA, José Rodrigues Chan, presidente da Macau Live Association, Paul Ng e Ken Ao, profissionais da indústria, comentaram o desenvolvimento e as oportunidades do setor em Macau.  

O setor tem aumentado ininterruptamente, contando com mais de 600 milhões de utilizadores na China, de acordo com o The Chinese Livestreaming Report. Com quase 1000 plataformas de transmissão ao vivo com foco em diferentes mercados e espetadores, a atividade pode funcionar como uma ferramenta de marketing poderosa a um custo extremamente baixo. Com a pandemia de Covid-19, Macau dá os primeiros passos neste mundo. 

Uma das funções mais populares da transmissão ao vivo é a “conexão em tempo real”, que dá ao público a oportunidade de interagir com as emissoras durante a transmissão ao vivo. Com esse recurso, os consumidores podem obter respostas no imediato e ter um conhecimento mais abrangente dos produtos, tornando as atividades promocionais mais convincentes e eficazes. 

Paul Ng, que se dedica à criação de conteúdo de entretenimento e venda de produtos através de uma plataforma de livestream, acredita que para sobreviver no mundo online, deve-se acompanhar o ritmo da mudança. Embora Macau ainda esteja numa fase inicial, a transmissão ao vivo oferece grandes vantagens. É possível incorporar informações em tempo real e métodos interativos interessantes, aumentando significativamente a publicidade e os benefícios comerciais, bem como alcançar as necessidades dos clientes empresariais. 

José Rodrigues Chan: “O conceito de vendas em livestream ainda é muito novo, temos de desenvolver mais a área de forma a que os consumidores percebam as suas vantagens” 

Porém, Ken Ao, diretor-geral da Kings Media, empresa que se dedica à gestão, produção, marketing e distribuição de livestreams, destacou que o público local ainda reage de forma conservadora às transmissões ao vivo. Como o próprio indica, pensam que as livestreams são um espaço “onde os influencers cantam, dançam e vendem produtos”. Ken sublinha que as indústrias associadas às transmissões ao vivo são diversificadas; incluem eventos de competição, atuações, videoconferências, educação, entre outros. Enfatizou também que a transmissão ao vivo é apenas uma ferramenta: é necessário perceber o comportamento adequado para cada atividade e tem de se explorar os diversos elementos da transmissão ao vivo, pois “nem todos navegam na internet à procura de celebridades”. 

Promoção de turismo e produtos locais em direto 

Ao longo dos últimos anos, José Rodrigues Chan, conhecido no mundo da apresentação como José C.R., revela que vários departamentos governamentais, incluindo a Direção dos Serviços de Turismo, Direção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, têm seguido com atenção o desenvolvimento da área e até têm organizado várias atividades com sucesso. Através das transmissões em direto, esperam promover o turismo, cultura e produtos de Macau para a China continental e para o estrangeiro. “Muitas pessoas de fora conhecem pouco sobre Macau e os seus produtos locais. Através destas emissões em direto podemos promover a cidade de forma mais eficaz”, refere.  

Em relação ao setor de vendas, José e Paul Ng concordam que o maior obstáculo tem sido o processo logístico e de desalfandegamento. Nessa matéria, esperam que o governo central da China e o governo da RAEM possam remover as barreiras. José também assinala que os hábitos dos consumidores locais ainda não estão alinhavados com a indústria, pois o conceito ainda gera alguma desconfiança. “O número de visualizadores em Macau ainda é reduzido. Normalmente recorrem a outro tipo de plataformas online para fazer compras. O conceito de vendas em livestream ainda é muito novo, temos de desenvolver mais a área de forma a que os consumidores percebam as suas vantagens”, admite.  

Relativamente à entrada no mercado, José confessa que os influencers com menos experiência devem passar por um período de “adaptação”. Antes de conseguirem atrair consumidores fiéis, aguentar os custos operacionais é difícil. São precisos pelo menos seis meses de adaptação e luta, muita determinação e paciência, até ter sucesso no negócio.  

“A promoção das transmissões em direto em Macau não é apenas uma moda”, sublinha o presidente da Macau Live Association, acrescentando que se trata de “uma grande oportunidade para a cidade”. “O turismo e a economia de Macau podem não regressar aos números pré-pandémicos a curto prazo, por isso é necessário promover uma recuperação económica que aproveite as vantagens do mundo online, e esta é a altura ideal para o fazer”, conclui José C.R.  

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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