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Intercâmbio contribuiu para afirmação da cultura Majiayao

Zhang Yujie e Masha

A cultura Majiayao, com uma história de mais de 5.000 anos, participou nos primeiros intercâmbios culturais da China com o estrangeiro. Numa recente conferência académica sobre esta cultura organizada na prefeitura autónoma de Linxia Hui, em Gansu, uma série de académicos partilharam as mais recentes investigações e descobertas

A cultura Majiayao encontra-se maioritariamente nas zonas altas do Rio Amarelo e respetivos afluentes, um dos principais centros de origem da cultura chinesa. No ano de 1924, um arqueólogo sueco, Johan Gunnar Andersson, iniciou um estudo sobre esta cultura na província de Gansu, apelidando-a de “Cultura Yangshao de Gansu”. Foi mais tarde, durante os anos 40 do séc. XX, que o arqueólogo chinês Xia Nai estudou o local e identificou nele uma cultura única, que mais tarde chamou de “Cultura Majiayao”.

As peças de cerâmica coloridas são uma das principais características esta cultura. As riscas pretas, vermelhas e brancas são grossas e brilhantes, pintadas por cima da cor amarela do barro com ondas e padrões decorativos. Surgem em variadas formas como vasos, garrafas e pratos, todas altamente delicadas, demonstrando a elegância da cerâmica de Majiayao.

Lang Shude, investigador no Instituto de Arqueologia e Relíquias Culturais de Gansu, explica que a cultura de Majiayao se desenvolveu a partir da zona onde o rio Amarelo e o rio Huangshui se encontram, alastrando-se para Oeste e Sul, chegando até ao Norte de Sichuan, onde veio influenciar as culturas de Sanxingdui e Jinsha.

Em meados e finais do respetivo desenvolvimento viajou para Norte e Oeste, chegando até à zona Este de Xinjiang.

“Por isso a cultura Majiayao assumiu também um papel tão importante nas primeiras interações com o exterior da China”, afirma Han Jiaye, professor de História na Universidade Renmin da China.

O especialista salienta que a razão pela qual esta cultura chinesa sobreviveu mais de 5.000 anos deve-se não só à forte tradição, como também aos constantes intercâmbios e integração com regiões vizinhas. A cultura Majiayao espalhou-se pela Ásia Central através de Xinjiang, tal como o painço chinês. Os padrões em xadrez da Ásia Central são umas das decorações que podemos encontrar na cerâmica Majiayao, assim como algum gado de Oeste, presente nas regiões desta cultura.

Tang Huisheng, professor na Universidade Normal de Hebei, acredita que as decorações e formas da cerâmica revelam interações entre a cultura Majiayao e a cultura Harappa indiana, com padrões de losangos e triângulos. Duas culturas com milhares de anos de diferença, acabam por partilhar tantas formas.

Outros académicos acreditam que a Cultura de Cucuteni, presente nas regiões de Oeste e Sul do Mar Negro, contém também alguns padrões e formas decorativas com parecenças à cultura Majiayao. Li Xinwei, investigador no Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, escreve que as duas culturas representam civilizações pré-históricas das duas pontas da Eurásia, com ascensões e declínios semelhantes. Nas respetivas cerâmicas podemos ver que usam regularmente a combinação de triângulos e linhas inclinadas, além das figuras de cabeças humanas que podem ser encontradas em ambas.

Ao longo dos últimos anos, de forma a reforçar a proteção, estudo e utilização da cultura Majiayao, vários museus locais têm organizado seminários e salões de exposição sobre o tema. Sob o contexto atual, com novos materiais e tecnologias nos estudos arqueológicos, os detalhes sobre a cultura Majiayao são cada vez mais claros.

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