A 31 de maio assinalou-se o 34º Dia Mundial Sem Tabaco, tendo este ano como lema o “Empenho no abandono do tabaco – Por um ambiente livre de fumo”. O objetivo da Organização Mundial de Saúde, promotora da iniciativa, é conseguir que 100 milhões de fumadores abandonem o vício
“Para conseguir atingir esse objetivo é essencial incentivar estes fumadores a abandonarem o tabaco”, afirmou Xiao Lin, investigadora e vice-diretora do Departamento de Controlo de Tabagismo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Chinês.
Acrescentou que ao longo dos últimos anos o país tem continuamente promovido serviços de ajuda ao abandono do tabagismo, mas admitiu que o número de pessoas que está, realmente a abandonar o uso de tabaco continua baixo devido ao desconhecimento sobre os efeitos nocivos sobre a saúde e a fraca popularidade de serviços de ajuda.
A OMS incluiu a dependência do tabaco como doença aditiva crónica a nível internacional em 1988, tendo na Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco (CQCT) incentivado todos os membros a lançarem medidas eficazes de combate ao tabagismo e de tratamento para dependência do tabaco. Em 2003 a China assinou este acordo, que passou a ser posto em prática no país em janeiro de 2006.
Yin Xi, responsável pela Sede Chinesa do Centro de Controlo de Doenças da OMS, assinalou que o número de consumidores do tabaco por todo o mundo tem registado uma diminuição, passando de uma média mundial de 22,5%, em 2007, para 19,2% em 2018, uma descida de cerca de 3,2%. De acordo com uma sondagem publicada pelo Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, em 2010, a taxa de fumadores no país era de 28,1% e, até 2018, registou-se uma descida de 1,5%, para 26,6%.
A China possui ainda a maior população de fumadores no mundo, situação que tem um enorme impacto no sistema de saúde do país, decorrente das doenças causadas pelo consumo de tabaco. A solução para melhorar este quadro é a promoção do combate ao tabagismo para reduzir as doenças relacionadas e a morte prematura.
O Ministério Nacional da Saúde criou em 2019 a “Iniciativa China Saudável (2019-2030) ”, tendo em julho desse mesmo ano sido ainda estabelecida a Comissão de Promoção da Iniciativa China Saudável para supervisão e avaliação da respetiva aplicação. Parte deste documento inclui também alguns capítulos sobre o combate ao tabagismo, estabelecendo algumas metas, designadamente que até 2022, a taxa de fumadores entre cidadãos com mais de 15 anos deve ser inferior a 24,5%, e até 2030, inferior a 20%.
Para Xiao Lin, a criação de espaços em que é proibido fumar, a aprovação de mais legislação antitabaco, a proibição da publicidade ao tabaco, o aumento do custo e dos impostos sobre este produto e a introdução de imagens de alerta nas embalagens de cigarros são algumas das soluções para incentivar ao abandono da dependência. Adiantou que algumas delas têm vindo a ser postas em prática ao longo dos últimos anos.
Sabe-se que o abandono do tabaco não beneficia só a saúde do fumador, como também poupa todos aqueles à sua volta dos perigos de inalação do fumo. Adultos que deixam de fumar são também um exemplo para os mais novos. Este vício é uma doença crónica, por isso existem serviços profissionais de ajuda ao abandono do tabaco, lembrou.
Xiao Lin salientou também que as soluções mais eficazes para garantir que os fumadores deixam de estar dependentes do tabaco a longo prazo incluem sessões de intervenção, clínicas de tratamento e linhas de apoio. Por isso, sugeriu a quem quer abandonar o vício do tabaco para fazer uso destes recursos, cujos métodos estão fundamentados cientificamente.
O professor Cui Xiabo, vice-presidente e secretário-geral da Associação de Controlo de tabaco de Pequim, lembrou que diferentes estudos indicam que, comparativamente com outros países, a percentagem de fumadores que querem largar o vício na China não é muito elevada, sendo a taxa de fumadores que inicia esse processo ainda menor. Com estes dados em linha de conta, sem a iniciativa dos próprios fumadores, será difícil atingir o objetivo traçado para 2030.
“Parar de fumar não é algo fácil. O tabaco cria dependência. Os fumadores desenvolvem um vício não só físico, como psicológico”, explicou Cui Xiaobo, acrescentando que a motivação para deixar de fumar nasce do conhecimento sobre os perigos do tabaco, do receio das consequências sobre a saúde e da advertência dos médicos, além das medidas de proibição de tabaco em certos locais e os custos crescentes relacionados com o consumo.
Seguindo o tema “Empenho no abandono do tabaco – Por um ambiente livre de fumo”, as autoridades de saúde durante o dia Mundial Sem Tabaco sugeriram a inclusão de serviços de ajuda ao abandono do tabagismo no sistema nacional de saúde, com a dependência de tabaco a ser tratada como uma doença crónica com pacientes não internados e tirando partido dos serviços de saúde “Internet +”, também nesta área.